O Inferno
o ideal da perf
com toda a agilidade de suas m?os, como com todas as for?as de seu ser. Credes que n?o é possivel seguir mais do que ellas os divinos vestigios do Salvador. Ah! quanto vos enganaes! Quanto s?o
ios! Quem quizer que cure a nossa lepra! Esses cuidados vulgares n?o os quer a carmelita para si. Aos pés do altar, com os bra?os levantados ao Senhor, é o seu posto. N?o se bulirá d'alli, ainda que todo o paiz arda ensanguentado. N?o lhe digaes: vosso irm?o está a morrer; vossos sobrinhos vos est?o chamando. N?o lhe digaes: arde a peste na cidade; á vossa porta está a
a cercam: n?o se afei?oa, n?o escolhe, n?o se decide. é-lhe prohibido ganhar affecto a coisas e a pessoas. A abelha é mais livre do que ella em sua colmeia, e menos inflexivel que as regras monasticas é o instincto que a dirige. Uma communidade de freiras parece-se a um povo de automatos e n?o a um enxame de seres viventes. E essa é que é a condi??o pela qual a harmonia subsiste. N'estas sociedades contra natureza, é prudente que a natureza seja algemada; pois, se lhe dessem folga, ella se revoltaria; e por tanto é for?oso esmagar a liberdade como cautela para que a licen?a n?o vingue. é pois a carmelita em to
e ser util: estafa em puerilidades a sua virtude. Se durante o officio, uma mosca lhe pousa no nariz, é um caso, é uma prova??o. Se está distrahida, assalteam-na remorsos; se impaciente, vai confessar-se d'isso. Uma pulga é outro inimigo terrivel, outra occasi?o de grande queda ou de grande victoria! Um alfinete mal pregado, um vêo descomposto, uma lembran
dos sybaritas, mas por um theor que, posto n?o seja sensual, n?o é menos egoista: absorve-se em contempla??o de sua alma; no proprio cora??o preenche o vacuo de familia e de amigos, e de quantas creaturas de lá expulsou. Contempla-
vida que n?o é viver, e a tal morte que n?o é morrer; mas o
e dogma selvagem. O alicerce, a porta e o tecto do mosteiro é aquelle dogma, que desata as sociedades naturaes e viventes avinculadas pelo amor; é elle o occulto liame d'aquellas sociedades de automatos que n?o permaneceriam um dia, nem
?o renuncieis afogadilho de secul
el coisa seria fugir para o porto seguro que vos offerecem; mas n?o vades; continuae a navegar entre restingas
em se arriscarem ás tempestades. Faz-se mister ás almas frageis e justamente timidas o estreito cenobio do claustro, a protec??o das gradarias, a escravi
mas, e quem sabe se alguns heroes alanciados no cora??o! Entendo, direis, que o claustro é o refugio dos pusillanimes, o
e christ?. N?o soffre a menor duvida que é mil vezes mais de perigo a sociedade onde os soccorros s?o muito menos do que os retiros aben?oados. Que nos faz isso! De logar abrigado e onde a gra?a superabunda é que
; os mais aguerridos soldados enclaustram-se. Espantem-se e r
viciosa, e, por conseguinte, a de mais difficil observancia; mas, porque é impraticavel na sociedade, n?o se lhe dispensa de ser exemplo á sociedade; e, se
ortanto está quite de cuidados que fóra d'ahi seguem a pobreza, o trabalho, e até a riqueza, além das r
posto que seja defezo ahi grangear um amig
s. O recluso, afóra a pessoal energia de que é dotado e lhe assignala a voca??o, topa ahi de todos os lados conselhos e amparos; e como quer que tenha em frente aquelle unico inimigo, soccorre-se de mil auxilios, que faltam ao homem do seculo, e, máo grado a sua fraqueza original, vence-os. Que fazemos pois n'este misero mundo em que a infermidade nos algema? Ha aqui o rir, o chorar, o renhir, o disputar, o abra?ar-mo-nos, o odiarmo-nos, perseguirmo-nos, e o aniquillar-se o homem contra homem: é uma reluctancia sem fim, e sem regra, um retinir de espadas, um estrondear de martello
familia a quem encarecei
nteresses que defender, rela??es que receber, um marido a contentar, quer seja honrado ou n?o, quer seja piedoso ou impio. Com vontade ou sem ella está continuamente a bra?os com as paix?es alheias, com caprichos, interesses, vontades e affectos contrarios; de continuo em face de circumstancias imprevistas, casos litigiosos e incertos, onde lhe é for?oso resolver-se quando qualquer resolu??o é perigosa, n?o o sendo menos os perigos,
ulher christ?? N?o o permitta Deus. Até onde irá? é ponto mathematico que separa o peccado do prazer licito; e, quando o limite se procura, onde fica elle já? Raras vezes estamos a sós com a serpente como Eva no Eden, e a freira na cella. á mesa e em toda a parte ha quem vos distraia, seduza e arraste; bebemos sem sêde; está a bocca repleta, mas os olhos famintos; o gozo que satisfaz a precis?o aguilh?a o desejo. Quem houver de parar a tempo na
quanto lhe foi em todo o tempo inutil o espirito de proceder. Mas, se a lucta intima se prolongasse, a freira para evitar os desvios e as fugitivas rebeldias do corpo e da vontade, careceria de ter até ao seu derradeiro suspiro o inferno diante dos olhos, o cilicio na cintura, e o terror na alma. Assim é, mas que importa? Comparado aos soffrimentos de uma m?e, o que é o cilicio de uma virgem? Quem ousará comparar essas duas existencias? Comparar receios pessoaes com receios generosos?
aes inquieta??es, terrores e escrupulos, unicas occupa??es do claustro? E para que é, em nome do ceo, sobrecarreg
ê-se que seria preciso abolir o inferno para que depois viesse a renuncia
erigos e as penas. Quem crê no castigo eterno, enterra o talento para que o Senhor lhe n?o toque. Quem melhor conhece o Senhor e sua justi?a faz render cinco talentos em casa do banqueiro, arriscando-se a perdel-os. O purgatorio actualmente de que vos serve? Dizem que a
tempo. Em vez, porém, de o desejar, e desejar em v?o, como nós o temeriamos, se elle fosse a unica estancia em que se cumprisse a justi?a de Deus! Que mudan?a se faria em tudo d'este mundo! A perfei??o e a salva??o n?o estaria na ociosidade em joelhos, no terror em ora??o, no fugir ao proximo, no entregarmo-nos a algumas priva??es e d?res cor
mal, tambem impede o bem. A amea?a seria salutar; mas ella faz mais que amea?ar, empedra como a cabe?a de Meduza quem a encara a fito. Tende a supprir com uma especie de passibilidade estupida a livre
us estava á meza quando Magdalena lhe abra?ou e ungiu de lagrimas os pés. N?o ha palavra na rela??o dos apostolos, d'onde possamos colher que é melhor orar pelos famintos do que alimental-os. O contrario é que lá se diz; e quando Jesus nos faz assistir de antem?o ao julgamento do dia final, exclama: tive fome, e vós me alimentastes; tive frio, e me ves
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