Opúsculos por Alexandre Herculano - Tomo VII
zia ao seu irritado adversario na carta com que terminou a discuss?o: ?Todos os gremios religiosos se
s seus affectos esses seculos de nobre recorda??o, em que este cantinho do mundo se governava com garantias e liberdades singulares para o povo; em que o feudalismo n?o transpunha as nossas fronteiras, em quanto, a bem dizer, toda a Europa gemia debaixo do seu jugo de ferro. Imaginavamos que a Na??o se recordava das nossas admiraveis cartas de municipalidade, dos nossos parlamentos, d'essas duas heran?as de liberdade romana e de liberdade germanica, que nossos avós haviam salvado atravez da edade media. Enganava-mo-nos. A Na??o regeita tudo isso: a Na??o cifra todo o passado nos seculos mais recentes. Da comedia monastica das c?rtes de Lamego salta á comedia real das c?rtes de 1641. Para ella a velha monarchia n?o é a dos primeiros Affonsos, de D. Diniz, de Affonso IV, de D. Fernando, de Jo?o I
ade, a sciencia certa e o poder absoluto individual, como fundamento do direito; eis o que a consciencia, a dignidade do homem, o seu espirito immortal, n?o consente á intelligencia que dispute com placidez. O absolutismo como theoria politica é a nossos olhos um insulto feito a Deus e ao genero humano. Isto é, para nós, uma verdade de consciencia. Seguimos o impulso d
n'esses papeis que n?o provam outra cousa sen?o uma verdade sedi?a, sen?o que se abusa ás vezes das coisas mais legitimas e uteis. Era, porém, ao org?o do absolutismo que tocava fazer allus?es d'estas? De que epocha s?o o Mastigoforo, o Cacete, a Besta-Esfolada, e centenares de publica??es analogas? Eram essas publica??es hediondas como aquellas que alludis, especula??es torpes de alguns miseraveis que exploravam o escandalo para viver? N?o. Eram composi??es de homens que vós elevaveis ao episcopado; eram obra de sacerdotes, que iam consagrar a hostia ao cordeiro, e prégar o evangelho (sabe Deus o que elles prégavam) com os labios escorrendo em fel, com as m?os immundas de tincta que elles sabiam se havia de converter em sangue. E era isso um abuso da liberdade de escrever, que vós t?o largamente aproveitaes, embora seja inven??o d
adas, ou andar muitas leguas, para irmos encontrar debaixo dos freixos de um parque, espalhadas no ch?o, as folhas avulsas do capitulo 26 do livro XI dos Annaes de Tacito. Vós accometteis os vivos, insultaes quem n?o se póde defender, porque só o faria envilecendo-se, cuspis nas fac
o dos accidentes vem aos factos: se acceita a luva que lhe atirámos. Se nos prova a justi?a, a conveniencia, a moralidade das presta??es foraleiras, dos dizimo