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Opúsculos por Alexandre Herculano - Tomo VII

Chapter 6 No.6

Word Count: 4730    |    Released on: 06/12/2017

te se

ra

o nosso orgulho insensato, todas as miserias do espirito humano, epilogadas em nós, que deveriam despertar a compaix?o d'essas almas catholicas e pias, fizeram-vos proromper em rugidos de uma cólera essencialmente heretica, pag?, selvagem. Atirastes-nos com os thuribulos, com as galhetas, com os flabellos, com os tocheiros,

eta vale mais que tudo isso. Granadeiros do Mindello, conforme nos chamaes, sabemos como o simples reluzir das bayonetas era efficaz comvosco. Ficastes

ulos, no desenvolvimento invencivel do espirito humano; a liberdade, a civilisa??o e o progresso, que se conteem no Evangelho de Christo e n?o no Evangelho dos Phariseus, e que h?o-de ir lentamente desbaratando esse caput mortuum de deprava??es e baixezas, que os despotas passavam de m?o em m?o para dominarem pela desmoralisa??o e pelo terror. Eumenide de roca á cinta, a Na??o ahi estava aguentando nas costas gibosas, a canastra cheia de parches fetidos com que a hypocrisia da c?rte, dos tribunaes, das sacristias, cobria as chagas purulentas do corpo social, flagellado, rasgado, exhaurido de for?as pelos vampiros defensores do throno e do altar: ella ahi estava resmoninhando improperios contra a dignidade e os fóros do homem, e a

; que n?o querem que os desembargadores durmam impunemente no thalamo nupcial, o somno do adulterio em nome do livro 5.^o; que n?o querem dar cem mil cruzados a cada successor dos descal?os apostolos, para fundarem morgados á parentella, nem grossas prebendas aos monsenhores, conegos e beneficiados in quocumque, para atulharem de legitima??es os livros da chan

errae de todo os olhos, vós os que amaes curvar-vos ante um senhor dos vossos bens e das vossas cabe?as. N?o vos deslumbre o brilho dos quatro primeiros seculos da monarchia! As gera??es d'essas er

e pelo esfor?o, grande sobretudo pela sua actividade agricola, commercial e maritima; grande pela politica dos seus principes populares; grande por um energico e tenaz amor dos seus fóros; grande pela sabedoria comparativa das suas institui??es e leis, no meio do atrazo politico da Europa; grande, n?o pelas virtudes das classes privilegiadas, mas

rvertidos, por uma fidalguia que, t?o orgulhosa d'antes, se declarara vencida ao ver rolar algumas cabe?as sob o cutello do algoz, e que achára em fim ser mais commodo servir, enganar, e comer, comer muito; pervertidos pelos jurisconsultos que tinha

berdades e garantias das cidades e villas do reino? Em que dia desceu o direito divino a sanctificar a convers?o em simples leis fiscaes, dos codigos em que se continham as immunidades e franquias populares, cujo espirito sempre, e cuja lettra muitas vezes provam, que esses codigos eram rigorosos contractos politico

gem imperfeita d'aquellas eras, chamava seus privilegios, e que nós hoje chamamos direitos e garantias politicas? Que eram esses parlamentos (concedei-nos o uso d'esta palavra liberdadeira e revolucionaria, de que já usavam

prazeres, da saude, dos interesses materiaes; é necessaria a abnega??o da existencia exterior, no que ella tem mais grato, para viver, anno após anno, de uma vida interior que nos devora, de uma idéa que nos illumina. é esta idéa que vos foge, que n?o cabe no vosso espirito, enlevado na vis?o beatifica e longinqua das commendas e das prebendas, apoquentado pela saudosa imagem d'aquelles pesco?os anafados, roli?os, torneados em roscas atoucinhadas, dos bons tempos patriarchaes, canonicaes e monachaes. Esses tempos, essas saudades, essa religi?o da gula, do luxo, dos vici

njuria n?o deshonra o accusado, deshonra o accusador. Discipulos do denunciante do illustre Dami?o de Goes; discipulos do padre Sim?o Rodrigues; beatos filhos de Sancto Ignacio, bem se vê que respeitaes as tradi??es da vossa ordem, e que estudaes a moral pelos livros dos Busembaus, dos Lessios, dos Tamburinis, os quaes vos aconselham, que se quiserdes deitar a perder qualquer pessoa, convém que comeceis por espalhar calumnias para a difamar, porque, acreditando-se mai

e metteis ao mesmo tempo no peitilho da roupeta, os sete seculos da monarchia? Isso n?o vale: isso n?o é para m?os bentas. Largae quatro seculos que n?o s?o vossos: guardae os tres que vos perte

ovo, nas medidas administrativas, ou nas leis civis que a civilisa??o mostrava uteis ou justas, o povo limitava-se a discutir a sua conveniencia; mas no que feria o pacto fundamental das cidades e villas, ou aquella parte do direito consuetudinario, homologado conjunctamente com a carta municipal, e que representava direitos politicos, oppunha-se tenazmente á innovac?o. A monarchia n'esse caso curvava a c

de obter, sobretudo nos tempos primitivos. Essa organisa??o dava os meios de repellir as violencias dos tyrannetes privilegiados: dava uma terrivel solemnidade aos aggravamentos dos povos. Os cavalleiros vill?os, os bésteiros municipaes, a peonagem armada lá tinham o ferro para o desaggravo, se o rei n?o cumpria o seu dever. A fo

e vossas excellencias reverendissimas. D. Manuel, que subiu ao throno, cuspindo nas nodoas de sangue de seus irm?os assassinados, enlevado dos descobrimentos e conquistas feitas pelos cora??es generosos, pelos homens ousados que os ultimos dias de liberdade legaram aos primeiros de tyrannia, acabou a obra do seu antecessor. Os foraes em vez de se cunharem de novo com o

ntre nós o direito politico do povo, e reinou despeado o absolutismo. Que s?o todas essas c?rtes posteriores sen?o um simulacro, ou antes um escarneo dos nossos antigos parlamentos? Esses procuradores do povo, eleitos pelo clero, nobreza e povo, sen?o uns titeres com que os oppressores se divertiam á custa da democracia? Desde o seculo XVI Portugal teve factos politicos mais ou menos tyrannicos, mais ou menos vergonhosos, mais ou menos abusivos; mas o direito constitucional onde estava elle? Onde estavam os pactos sociaes que Fern?o de Pina trocára por outros, reformados exclusivamente com os olhos no

anifesta??o do poder publico. Como agrupaes vós estas duas idéas que se excluem, que se negam? Como unis a morte á vida? Como ousaes dizer: pertencem-nos sete seculos? A vós? dementes! O primeiro monumento grave da vossa historia, o primeiro resultado practico das vossas adoradas doutrinas é a inquisi??o. A inquisi??o n?o foi filha da perversidade da curia romana, que tem sobejos crimes para que n?o se lhe attribuam os alheios. A inquisi??o foi um calculo frio e

vossa historia o espectro da tyrannia esconde a fronte no fumo da carne humana, assada para o sancto rei D. Jo?o III ter dinheiro, e firma os pés nas po?as de sangue, sobre os ossos triturados e as carnes esmagadas pelos machados dos bravos que t?o valentemente fugiam das nossas bayonetas. Mas o vosso pedestal e a vossa cor?a s?o comparativamente dous dixes infantis. O crime imperdoavel, sem nome, pelo qual a posteridade vos ha de escrever a maldi??o sobre a campa, é o terdes vivido abra?ad

momentaneo de febre liberdadeira. Incumbistes ent?o um frade ignorante de vos redigir um codigo imaginario, em que todas as institui??es sociaes da edade media est?o desmentidas, e em que até o regicidio é elevado á altura de principio politico. Porque fizestes isto? Porque

ctaculos em que o povo fazia o papel de urso. Que importa que no preambulo das c?rtes de 1641, se escrevesse a doutrina da soberania nacional sobre os proprios reis. Era o horror da tyrannia, que tambem vos fizera experimentar como morde, quem vos arrancava esta concess?o theorica, reproduzida por Velasco de Gouvêa, no livro com que a vossa recondita erudi??o nos assassina? Perguntae-o aos vossos cabelle

sobre o direito dos subditos para deporem os reis, e acceitavam as c?rtes de Lamego, o codigo do frade bernardo, onde se proclama o regicidio.

cida, ou é o direito divino? Podemos esganar de vez em quando o nosso reizito, se reconhecer supremacia

? Quem ha-de agora matar meia duzia de patetas, que parecem mandados de proposito pela Providen

m direito politico. Depois de proclamarem a soberania nacional por ordem dos jesuitas, os absolutistas de 1641 estabeleci

1, que a demiss?o dos tributos violentos, impostos tyrannicamente pelos reis de Castella, era uma liberalidade, uma magnificencia, uma mercê d'el-rei. Onde achaes vós lá

os que, accusando-nos diariamente de destruidores dos thronos, tendes estampada na fronte do vosso jornal a lei regicida do frade bernardo, e que entoando hymnos á lealdade, ao realismo do alto clero e da fidalguia, ousaes metter no peitilho da roupeta os quatro seculos de liberdade, durante os quaes o unico exemplo de um rei atirado do throno para o exilio, e substituido por um principe estrangeiro, (estrangeiro segundo as vossas doutrinas) foi dado pelo alto clero e pela nobreza, em quanto o povo combatia a favor de uma illustre desdita. Importa-nos pagar-vos a divida do partido liberal, que estaes insultando refalsadamente, porque tem tido a desgra?a de haverem obtido o poder, pelos meios essencialmente absolutistas da corrup??o e da violencia, homens cujas doutrinas prácticas de governo s?o as vossas, e contra as quaes tendes visto protestar a maioria do partido liberal, com a palavra e com o ferro, do mesmo modo que o fizera contra vós. Importa-nos que penseis parvamente ao vêr-nos regeitar a anarchia ou a demagogia, ter descoberto nas nossas idéas co

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