O Olho de Vidro
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o collegial de S. Paulo
uellas edades a sensibilidade é para pouco; as saudades das pessoas queridas que morreram n?o se prendem á previs?o angustiosa das desgra?a
osos de que o santo officio fosse ainda contender com o estudante por suppor que elle fosse irm?o de Heitor, zelosamente informaram os inquisidores dos piedosos sentimentos de Braz Lui
nnos, foi contraditado pela companhia de Jesus, que enviára delegados a recensear nas universidades e collegios de Evora e Coimbra estudantes esperan?osos, garfos
uistarem para si. A companhia de Jesus cathequisava, mas n?o violentava. Tamsómente as voca??es liberrimas e muito espontaneas lhe serviam. Logo pois que Braz Luiz manifestou indisposi??o para a vida sacerdotal, abriram m?o d'elle os jesuitas, offerecendo-lhe, se necessari
modo de vida. Braz
a conta, que se estremou entre os condiscipulos, ganhando as distinc??es das escolas, a estima dos mestres, e es
alcomportados. Fez-se arruador nocturno, bulhento, femieiro e pimp?o. Os paulistas amea?aram-no de o deixarem entregue aos seus desatinos. Braz Luiz respon
s. Braz, depois de muitas proezas, caíu ferido de uma choupada, que lhe vasou o olho direito. Alguns condiscipulos levaram-n
sto nas sortidas bellicosas, como quem já n?o tinha mais que um olho para sacrificar. Os paulistanos, contentes da reforma do seu protegido, voltaram a soccorrel-o; porém, o pundonoroso academico, reunindo os seus condiscip
filho de Francisco Luiz d'Abreu e Francisca Rodrigues d'Oliveira. Foi o caso, que folheando elle o abcedario por onde come?ára a soletrar, muito na primeira puericia, em companhia do seu primeiro protector, encontrou
e ser um homem apellidado Abreu; mas como esquadrinhar-lhe a naturalidade, as aventuras da vida ou da morte? Em Coimbra n?o havia para que indagal-o; porque elle n?o tinha sequer vaga lembran?a de ter estado em Coimbra nos primeiros annos. Todas a
an?a apparecêra em casa do hebreu Moraes, ao tempo que seu filho voltou da Hollanda. Parentes ainda vivos d'aquelles israelitas n?o sabiam dizer nada a tal r
á mingua de recursos, pensou em estabelecer-se n'alguma terra desprovida de medicos. Um seu contemporaneo da fac
Aqui e n'este mesmo anno come?ou elle a olhar tristemente para a deformidade que lhe deixára no rosto a choupada, e achou-se n?o só
, pintada ou esmaltada, similhante a uma metade de ovo pequeno, dividido longitudinalmente. Este primitivo e pouco engenhoso olho n?o agradava ao nosso joven medico. Indagou no estrangeiro, e de Hollanda o informaram que estava em Amsterdam um hebreu inveava envidra?ada. D'ahi seguiu-se chamarem-lhe o doutor Olho de Vidro, alcunha que lhe ficou até á morte, e longos
Braz Luiz, n?o obstante a pouca illus?o que
lvilhos, t?o longe est?o de parecerem ornato na cabe?a do medico, que antes s?o presagios lethaes da vida do doente. Porque se a egreja com pós na cabe?a nos adverte da morte que vem, como o medico com pós no cabello nos ha de recuperar a vida que se vae? Eu, quanto a mim, antes creio que, os pós s?o significativos da morte, emqu
a os polvilhos. Imaginando que os collegas de Braz Luiz se riram muito
parecer que (o medico) evite os cheiros, e que se negue a todo genero de perfumes, porque ainda que Hyppocrates no seu tempo permittia os que n?o eram suspeitos aos achaques, comtudo n'este seculo mai
e: ?Seja tambem modesto o medico nos adornos da cabe?a, t?o introduzidos n'este miseravel seculo, que n?o ha já encontrar solicitador sem cabelleira nem b
digna??o, e a indigna??o porventura fel-o poeta como ao satyrico latino. Um dos mais intelligiveis sonetos que elle escreveu em
se és medico
o14 ser, mas
lo o caract
nos vicios
bebe tu; mas
odilo do r
a beber do
evorar teu
o a modestia
ao grave do
a quem douto
tua fama ma
do de quem
o c?o, que be
avel cuidado de se fazer bemquisto aos homens graves do seu tempo. é, de mais d'isso, muito provavel que o medico se temesse de que os rafeiros do santo officio lhe andassem farejando o sangue; e elle, a contas com a consciencia propria, duvidava