A Relíquia
erichó as nossas tendas; e caminhando com o sol para occid
da um momento aos cimos da Historia e batida ahi por asperas rajadas de emo??o, n?o se pudesse já aprazer n'est
sagrado em que Jacob, pastor de Bersabé, tendo adormecido sobre uma rocha, vira uma escada que faiscava, fincada a seus pés e arrimada ás estrel
do cantaro d'uma Samaritana, ensinára a nova e pura maneira de adorar; nas encostas do Carmello, n'uma cella de mosteiro, ouvindo de noite ramalhar os cedros que abrigaram Elias, e gemerem em baixo as ondas, vassallas de Hyram rei de Tyro; galopando co
ma romana onde uma creatura maravilhosa de mitra amarella se offertava, lasciva e pontifical; o formoso Manassés levando a m?o á espada cheia de pedrarias; mercadores, no Templo, desdobrando os brocados de Babylonia; a senten?a do Rabbi com um tra?o vermelho, n'um pilar de pedra, á porta Judiciaria; ruas illuminad
minha alma só restavam cinzas-e, diante das ruinas do monte Ebal ou
hombro, ellas subiam por entre os sycomoros á fonte onde Maria, m?i de Jesus, ia todas as tardes, cantando como estas e como estas vestida de branco… O jocundo Potte, torcendo os bigodes, murmurava-lhes madrigaes; ellas sorriam, baixando as p
s vinha contemplar, concebendo diante da sua luz e da sua gra?a as incomparaveis bellezas do reino de Deus… O dedo do douto Historiador ia-me apontando todos os lugares religiosos-cujos nomes sonoros cahem na alma com uma solemnidade de prophecia ou com um fragor de batalha: Esdrelon, Endor, Sule
sinha
collina de Gibeah onde outr'ora no seu jardim, entre o loiro e o cypreste, David tangia harpa olhando Si?o-tudo se vestiu, de serenidade e de azul. E uma inquieta??o engolfou-se em minha alma como um vento triste n'uma ruina… Eu ia
ino, com a lan?a no ar, annunciando pela
atulhada de conventos e agachada nas suas muralhas caducas-como uma pobre, cober
nnuncio das ?Pilulas Holloway? um inglez, com um quadrado de vidro collado ao olho claro, os sapat?es atirados para cima do divan de chita, lia o Times; por traz d'uma varanda aberta, onde seccavam ceroulas brancas com nodoas de café, uma goela roufenha vozeava: C'est le beau Nicolas, holà!… Ah! e
jardins, lá se torciam as escadinhas, cruzadas por Franciscanos d'alpercatas, por judeus magros de sujas melenas… E que repouso na frescura d'estas paredes de cella depois das estradas abrazad
re velho evangelico, com uma doen?a de figado, que soccorria os pobres. O snr. consul Damiani affirmára na loja de reliquias da rua Armenia, batendo o pé, que antes do dia de Reis, por causa da birra do murro entre os Franscicanos e a Miss?o Protestante, a Italia tomaria armas contra a Allemanha. Em Bethle
e cobriam a alma foram varridas por um fresco vento de
inhas!… P?e ahi o embrulho da Cor?a, bello Potte… Isso significa muito bago! Jesus, o que ahi a titi se vai babar!
des de marmore que, segundo Josepho e Philon e os Talmuds, se erguiam no Templo, junto á Porta Bella, com uma inscrip??o prohibindo a entrada aos Gentilicos… E elle instava que marchassemos, eng
idamente os bra?o
emente: de hoje em diante n?o torno a vêr nem mais um pedregulho, nem mais u
balou com a rabona
*
tes-rosarios, bentinhos, medalhas, escapularios; além das que fornecem no Santo Sepulcho os vendilh?es-frascos d'agua do Jord?o, pedrinhas da Via Dolorosa, azeitonas do Monte Olivete, conchas do lago de Genesareth-eu levava-lhe outras raras, peregrinas, in
condicionadas n'um forte caixote, que a minha prudencia fez revestir de chapas de ferro. Depois cuidei da Reliquia Maior
nos archeologico, lembrou o honesto pinho de Flandres benzido pelo Patriarcha de Jerusalem. Eu diria á titi que os prégos para o pregar tinham pertencido á Arca de Noé: que um Ermit?o os ach
osa; fiz f?fo e d?ce o fundo do caixote com uma camada d'algod?o mais branco que a neve do Carmello; e colloquei dentro o adoravel embrulho, sem o remexer, como Topsius o arranjára, no seu papel pardo e no seu nastro vermelho-porque estas mesm
á, amiguinho, diga lá! Ent?o acha que eu posso affir
entre o fumo leve, solto
thenticidade que possuem, mas pela fé que i
o sejas
es. Eu parti, só, para o Horto das Oliveiras-porque n?o havia, em torno a Jerusalem, l
eu sob a folhagem das Oliveiras. Alli vivem ainda, essas arvores santas que ramalharam embaladoramente sobre a sua cabe?a fatigada do mundo! S?o oito, negras, carcomidas pela decrepitude, escoradas com estacas de madeira, amodorradas, já esquecidas d'essa noite de Nizam em que os an
folha murcha que lhes macule o aceio de capella: rente aos muros, onde rebrilham em nichos doze Apostolos de lou?a, correm alfobres de cebolinho e cenoura fechados p
nho santo de barbas sem fim, regava com o habito arrega?ado os s
ar-me o grito de boa acolhida, esvoa?ando em torno aos mastros; Lisboa pouco a pouco surgia, com as suas brancas cali?as, a herva nos seus telhados, indolente e d?ce aos meus olhos… Berrando ?oh titi, oh titi!?, eu trepava as escadas de pedra da nossa casa em Sant'Anna: e a titi, com fios de baba no queixo
ellas. N'um dia macio de Maio mettiam-n'a já fria e cheirando mal, dentro d'um caix?o bem pregado e bem seguro. Com tipoias atraz, lá marchava D. Patrocinio para a sua cova, para os bichos. Depois quebrava-se o lacre do testamento na sala dos damascos, onde eu preparára para o tabelli?o Justino pasteis e
eral, necessitava a desforra de me ter prostrado diante das suas figuras pintadas como um sordido sacrista, de me ter recommendado á sua influencia de calendario como um escravo credulo! Eu servira os santos para servir a titi. Mas agora, ineffavel deleite, ella na sua cova apodrecia: n'aquelles olhos, onde nunca escorrera uma lagrima caridosa, fervil
-me que se fechava o Santo Horto e que lhe seria grata a minha esmola… Dei-lhe uma placa: e
Os caix?es das reliquias iam sobre o macho, entre os fardos. O beduino, mais encatarrhoado, abafára-se n'um ignobil cachenez de sacrist?o. Topsius montava outra egoa,
um grito esbaforido resoou, no alto da r
avalheiros!… Um embrulh
apel pardo e pelo nastro vermelho. A camisinha de dormir da Mary! E recordei que
o embrulhinho entre pó e aranhas, detraz da commoda; limpára-o carinhosamente; e
ei eu, sêcco
da?? Talvez o negro atabalhoado que, arrumando, o tirára do seu ninho de piugas… Pois antes lá permaneces
ngor. Mas guardando fielmente a sua imagem no cora??o, n?o necessitava trazer perennemente á garupa a sua camisinha de dormir. Com que direito poi
a Patrocinio? Constantemente a titi se encafuava no meu quarto, munida de chaves falsas, aspera e avida, rebuscando pelos cantos, nas minhas cartas e nas minhas ceroulas… Que cólera
ra com ter?os, pingos d'agua benta e humilha??es da raz?o liberal? Jámais!… E, se n?o afoguei logo o embrulho funesto na agua d'um charco, ao atravessarmos as cho?as de Kolonieh, foi para n?o revelar ao penetrante Topsius as covardias do meu cora??o. Mas decidi que mal penetrassemos com a noite nas montanhas
aos meus olhos, quando a egoa de Topsius, avistando uma fonte, n'um valle cavado junto á estrada, deix
caro d'egoa! Ainda agora bebeu… N?o lhe
dos, as pernas esticadas, lhe repuxava brid?es
nquejava, já partida, a grande carcassa d'um dromedario. Os ramos d'uma mimosa, alli solitaria, tinham sido queimados por um fogo de caravana. Longe, na espinha escarna
mbrulhinho da Mary… A egoa do Historiador beberava com pachorra. E eu procurava aqui, além, um barranco ou
e chorava, com uma criancinha no rega?o: os seus cabellos crespos espalhavam-se pelos hombros e pelos bra?os, que os trapos negros mal cobriam:
usa d'essas longas lagrimas. Mas ella parecia entontecida pela miseria: fallou surdamente d'um casebre queimado, de cavalleiros turcos que ti
bre-quando me recordei que o dera n'um punhado ao negro do Hotel do Mediterraneo. Mas tive uma util inspira??o. Atirei-lhe o perigoso embrulho da camisinha da Mary; e a meu pedido o risonho Potte explic
nossa caravana retomou a marcha-emquanto o arrieiro adiante, escarranchado sobre as bagagens, cantava á estrella de Venus que se ergue
*
o turbante branco, o mofino Alpedrinha!… Fiz-lhe ranger os ossos n'um abra?o voraz. E quando Topsius e o jocundo Potte partiram, debaixo do guar
oria, das multid?es desconhecidas… Um judeu de Keshan, que ia fundar uma estalagem em Bagdad com bilhar, alliciára-o para ?marcador?. E elle, mettendo n'um sacco as piastras juntas nas amarguras do Egypto, ia tentar essa aventura do Progresso junto
rnaes da nossa Lisboa? Gostava de
o chapéo da Mary… E mais agudo me picava outra vez o desejo da minha loira luveira. Que d?ce grito de paix?o nos seus bei?os gordinhos, quando uma tarde, queimado pelo sol da Syria e
visto, a Maricoquinhas? Que t
ho, onde um estranho rub
tá… Foi pa
sso é no alto Egypto! Isso é em cascos de
, murmurou Alpedri
os, que ia a Thebas photographar as ruinas d'esses palacios onde viviam face a face Rameses, rei dos homens, e Amnon, rei dos Deuses… E Maricoquinhas ia amen
nt?o com um italiano? E gostando d'e
balbuciou
erante este ai, repassado de tormento e de paix?
piraste! Aqui ha pe
te lasso rolou nos ladrilhos. E antes que elle o le
erdade! A Maricoquinhas,
, das nossas terras palreiras da vangloria e do vinho. O medo
m peti
aquella-com aquelle! Oh, a Terra! a Terra! que é ella sen?o um m
nha, dize lá, tambe
um cham
nca! Ri, acerbamente, c
te chamava ?seu por
urcos, chamava-me seu
r sempre, n'um desesperado desprezo de tudo… Mas
nt
levantava n'essa tarde ferro para o Eg
stava farto do Oriente!… Irra! que n?o apanhei aqui sen?o soalheir
r ao Caim?o, entrou-me n'alma uma longa saudade da Palestina, e das nossas tendas erguidas sob o
tte commovido me estendeu a
imo cigarro que lhe
ndo Alpedrinha, em silencio,
s-ao lado de Potte que nos atirava beijos, com as grossas botas mettidas n'agua. E já no Caim?o, debru?ado na amurada, ai
ao céo os astros que espalham a luz e os deuses que ensinam a lei. Sómente n?o tendo já, como os velhos Lusiadas, cren?as heroicas concebendo empresas heroicas, tu n?o vaes como elles, com um grande rosario e com uma grande espada, imp?r ás gentes estranhas o teu rei e o teu Deus. Já n
gravemente gritou para o lado de Jaffa, que escurecia na pallidez da ta
ara sempre, ter
tambem com
eusinho, coisa
ica do capuz, que se voltou de leve, um fulgor de olhos negros procurou as minhas barbas potentes. Oh maravilha! Era
uem sabe! Talvez para que ao calor do meu desejo elle reverdecesse, désse fl?r, e n?o ficasse para sempre esteril e inutil, tombado aos pés do cada
indo, todo a tremer e vencido, entre os meus bra?os valentes!… Decidi segredar-lhe logo alli: ?Oh minha irm?sinha, estou todo lamecha por si!? E i
borda; sujei immundamente o azul do mar de Tyro; depois rolei para o beliche-e só ergui do travesseiro a face mortal quando senti as corr
erenas. O languido palacio dormia á beira da agua entre palmeiras. Topsius sobra?ava a minha chapeleira, serrazinando coisas doutissimas sobre o antigo
Oh meus concidad?os, ide lá, se appeteceis conhecer os deleites asperos do Oriente… Os bicos de gaz sem globo assobiam largamente, torcidos ao vento: as casas baixas, de pau, s?o apenas fechadas por uma cortina branca, atravessada de claridade: tudo cheira a sandalo e alho: e mulheres sentadas sobre esteiras, e
lochas, acompanhar-me ao barrac?o da alfande
adeus! Escreva… Cam
ou, estreit
nta mil reis,
lica??o de pecunia. Depois, já com a bota na
titi que a cor?asinh
s, solemne como um
nome que foi a mesmissi
rnado d'oculos-e beijámo-n
o lado do palacio que dormia entre palmeiras. E n'um relance vi o habito negro, o capuz descido… Um largo, sequioso olhar, pela vez derradeira, procurou as minhas barbas. De pé, ainda gritei
ia para o seu Deus, eu ia para a minha tia. E quando n'estas aguas os nossos peitos se cruzavam, e sentindo a sua concordancia batiam mudamente um para o outro-o meu barco corria com ve