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A Relíquia

Chapter 5 No.5

Word Count: 13391    |    Released on: 06/12/2017

para o estribo, avistei entre as arvores sem folhas o port?o negro da casa da titi! E, dentro d'esse duro calhambeque, eu

ruas c?r de cali?a suja, e aqui e além as taboinhas verdes descidas nas janellas como palpebras pesadas de langor e de so

ra? O nosso dr. Theodorico, que ganhára no contacto santo com os lugares do Evangelho uma auctoridade quasi pontifical! Que f?ra eu até ahi, no Chiado, entre os meus concidad?os? O Raposito, que tinha um cavallo. E agora? O grande Raposo, q

pateo triste, lageado de pedrinha, vi a snr.^a D. Patrocinio das Neves, vestida de sêdas negras, toucad

, t

men

d'ella a rapé, a capella e a formiga, era como a alma esparsa das coisas d

ue queimadin

he muitas saud

odas, dá-m

s bei?os frios pelas minhas barbas-t?o respeitosamente c

ho descarregára a minha mala de couro. Ent?o, erguendo o precioso caixot

! Aqui a tem, ahi lh'a dou, a sua div

es. Muda, têsa, estreitando s?fregamente o caixote, galgou os degraus de pedra, atravessou a sala de Nossa Senhora das Sete-D?res, enfiou para o oratorio. Eu a

a cruz, um aceno familiar-e atirei-lhe um olhar, muito risonho e muito fino, como a um velho amigo com quem se têm velhos segredos. A titi surprehendeu esta intimidade com

pelo meu regresso, ella, ainda

ubesse que reliquia é, para

cudindo o

o que me recommendou o patriarcha de Jerusalem… Em todo o caso

he um beijo chilreado e longo: estendeu-lhe por cima uma esplendida toalha de rendas

ulos negros postos em mi

a, filh

ho, titi, que ten

u fui desafivelar a maleta para o meu quarto-que a titi esteirára de novo: as co

assados a beijar uma por uma as pégadas que lá deixára a Santa Familia na sua fuga; disse o desembarque em Jaffa com o meu amigo Topsius, um sabio allem?o, doutor em theologia, e a deliciosa missa que lá saboreáramos; disse as collinas de Judá c

uvir estas coisas! Jesus! até

am t?o asperamente, conservavam um contínuo embaciamento de ternura humida. Na voz, que perdera a rispidez silvante, errava, amollecendo-a, um suspiro aca

alisava as provas da min

sou de repente um anjo…? Dizia:-?Tirei-me dos meus cuidados, fu

stes privilegios prodigiosos, só compa

ao pé da fonte onde Nossa Senhora enchia o cantaro, rezára mil Ave-Marias, de joel

com baba

… E que gosto para o nosso rico S. Jo?o!… Como ell

meu amigo allem?o: ?Já que a gente veio a uma pechi

seu pouso tradicional entre as duas janellas, sob o ret

heiinho de virtude! Ai que v

?o ficou descontente commigo! murmurava eu,

alda) os contemplava a odiosa senhora, venera

com um

as ora??es, das boas, das que te ensinass

de chupe

para todos os achaques! Tinha-as para tosses, para quando

caimbras? Que eu ás v

s. Deu-m'a um monge meu amigo a que

ccendi um

eccado. Mas agora arrastou gulosamente a sua cadeira para mim-como para um milagroso cofre, repleto d'essa

filho… é uma ca

E diga, diga lá… Como vai

azer… Emfim já n?o morria sem aquelle gostinho de me ter mandado a Jerusalem visitar o Senhor; e esperava qu

Depois animei-a, com generosidade. Que podia a titi recear? N?o tinha ella agora, ?par

titi… Os amigu

iro, recolhera á cama no domingo com as ?perninhas inchadas…? Os doutores affirma

uma falta, uma falta… Ai filho, nem tu imaginas!…

urmurei, est

a nojo, com tanta relaxa??o… Só por ella, e para a ajudar nos seus negocios, é que o santin

a companhia que me faz! Que todos os dias o tenho cá a jantar… Hoje n?o quiz elle vir. Até me disse uma coisa muito linda: ?n?o quero, min

de Torres, contra os costumes domesticos, comer todo

os patriarchas só vêm jantar

chegariam os dilectos amigos, avisados pela titi para saudar o

e requeimada, sorri gloriosamente

ocado de gozo, as martelladas sobre o seu caix?o. E nada podia desalojar-me do testamento da snr.^a D. Patrocinio! Eu tornára-me para ella S. The

homens que se tinham mettido com saias! Com effeito! Os seus oculos, outra vez sêccos, reluziam, cravavam-se desconfiadamente na minha mala… Justos céos! Era a antiga D. Patrocinio. Lá vinham, as suas lividas, aduncas m?os, cruzadas sobre o chale, a

es, e se andou atraz de saias, trazem-se sempre provas na mala. Por mais que se escondam, que se deitem fóra, sempre lá esquece coisa que cheire a peccado!…? Assim m'o disse muitas vezes, até uma occasi?o diante d'um Patriarcha… E o Patriarcha approvou. Por isso, eu cá, é malinha aberta, sem receio

ou a asquerosa senhora, estend

^a D. Patrocinio com uma garrafinha do liquido divino na palma de cada m?o… Ent?o ella, com os oculos de novo embaciados, be

tou a tremer… E é d'

d'uma fogueira apagada que nenhum esfor?o póde novamente condensar. E o meu derradeiro peccado-saboreado t?o longe, no velho Egypto, como chegaria jámais á noticia da titi? Nenhuma combina??o humana lograria trazer ao campo de Sant'Anna as duas unicas testemunhas d'elle-uma luveira occupada agora a encostar as papoilas do seu ch

no brazeiro: já as rendas se iriam esga?ando no servi?o forte do amor; e r?ta, suja, gasta, ella bem depressa seria arremessada ao lixo secular de Jerusalem! Sim, nada se poderia interp?r entre a minha justa sofreguid?o e a bolsa verde da titi. Nada, a n?o ser a carne mesma da velha, a sua carcas

aria, faze que ell

as badaladas curtas e timidas do nosso modesto Justino: mais grato ainda sentir, logo após, o repique mag

sperar até que se v?o logo embora o Justino e o Margaride! Ai, eu sou muito amiga d'elles, s?o pesso

a-se pessoa d'egreja. Eu, pela min

te de todos os amigos da casa, na capella, com velas… é mais effica

Est?o sujinhas, est?o! Já cá

io das Neves agarrou a

as Neves lev

ral de Malta, eu pensava que desde esse dia ia reinar alli, no campo de Sant'Anna, de cima da mi

A titi pousava no sofá, têsa, desvanecida, com setins de festa e com joias. E ao lado, um padre muito magro vergava a espinha com

vê-lo

eu servo! ciciou elle, puxando

do candieiro-para que a luz me banhasse, e se pudesse vêr na

ecidiu, com um s

s ma

tou, fez est

quei

ide, carin

s ho

revirou-se, arqueado p

tre os seus m

Inteiramente digno de ser o sobrin

ultuavam as curiosidade

lem?? ?Que tal

io que t?o familiar alvoro?o importunasse S. Theo

todos á uma n?o se goza… é melhor deixarm

to mel no seu fallar? Porque se privilegiava elle no sofá, ro?

caixa de rapé, concordou que

oda, e o nosso Theodorico conta por

icar as vias. Estendi o len?o sobre o joelho. Tossi-e comecei a esbo?ar a soberba jornada. Disse o luxo do Malag

inheiro, com um brilho de gula no olho amort

udo á franceza: mas coisas saudaveis, que n?o esque

idella, excellentissima senhora! atalhou unctuo

que, mal eu come?asse a governar ferreamente o campo de Sant'Anna-n?o mais a ca

E como passava eu as noites em Alexandria? Havia uma assembléa, onde espaireces

sa bella religi?o, sem estrangeirices, onde havia sempre um Santissimo d'appetite… Fazia as minhas devo??es: depois ia-me encontrar com o allem?o, o meu amigo, o lente, n'uma grande pra?a que dizem lá os de Alexandria que é muito me

dr. Margaride, contente e rufando na tabaqueira. Direi mais… é acto

, porque emfim uma distrac??o sempre é necessaria quando se anda a viajar, iamos

iro, chegando a cadeira para mim com int

os lugares na Judêa onde tinhamos d'ir rezar… E como o allem?o era lente e sabia tudo, eu era instruir-me, instruir-me!… Até elle ás vezes dizia: ?Vossê, Raposo, com estas noitadas, vai

oites muito fructuosas! declarou, sorrin

nda senhora. Foi como se subisse um bocadinho ao c

nte, baixei a

veitoso seria, e de maior un??o repassaria as almas-

nerario, snr. padre Negr?

azem todos os famosos auctores!

de (que estivera já em Lisboa e que ouvira fallar da virtude da titi) me salvára das aguas salgadas um embrulho em que eu trazia terra do Egypto, da que pisár

heodorico… N?o tinham comsigo um sabio guia, que lh

e! Tinhamos um grande l

páramos junto a Ramleh, com a lua no céo alumiando coisas da relig

o estar eu lá! Parece uma d'estas coisas grandiosas da Biblia, do Eurico! é d'inspira

aba do casaco ao

o nosso Theodorico, para

ziu as sobrancelhas temerosa

hor que eu, snr. padre Ne

ciavel, batend

tes! Olha, conta assim uma coisa que te acont

e boa familia: as lagrimas que derramára, ao avistar, n'uma manh? de chuva, as muralhas de Jerusalem: e na minha visita ao Santo Sepulchro, de casaca, com padre P

a senhora,

e faz!… Diante

en?o pela face e

a rezar… E agora, meus senhores, h

o nome honrado de Raposo, e pela dignidade de Portugal-ti

empanar o brilho de santidade com que eu deslumbrava a titi.

rrados encarei o

Jerusalem me deu toda a raz?o, até me bateu no hombro e me disse: ?Pois Theodo

a cor?a punha uma lividez azu

minencia

Ora imagine a titi, estar uma pessoa a dizer com todo o fervor e de joelhos: ?Oh Santa Maria do Patrocinio, faze que a minha boa titi tenha muitos annos de vida?-e vir lá de traz do tabique uma voz d'excommungada a ganir: ?Sou o Barba-Azul, o

ffirmou o dr. Margaride.

alorio na m?o… Eu fui muito prudente: cruzei os bra?os e, com bons modos, disse-lhe que n?o queria alli escandalos ao pé do tumulo de Nosso Senhor, e o que desejava era rezar em socego… E vai

aste-o,

aquei-

desancar a Impiedade. Justino, aos pulos, celebrou esse John Bull desmantelado a sólida murra

! Arrombo tudo, esborracho tudo…

Negr?o, o meu punho cabelludo e pavoroso. O macilento e esgrouviado servo de Deus enc

com a torrada na m?o, romp

a viagem! é com

de noite aqui se tem pa

que é

nta! Que fervor

ado: e d'entre as franjas das cortinas os seus olhinhos luzidios e gulosos chamavam-me confidencialmente. Fui, trautea

inho, e d

o. Segredei para dent

em lá os miol

as de um gato em janeiro; a chic

ivo, repenet

aquellas estrellinhas santinha

eio timidamente bater-me no hombro… Lembrára-me eu, n'essas Santas

ois está claro!… Trag

nosso Justino… E a ph

ride…

ntas um len?o repleto de devotas preciosidades, estaquei por traz do reposteiro ao sentir dentro o meu

ora é mais do que ter um sobrinho e um cavalheiro! Isto é ter, de

a delicado para Nosso Senhor (nem para ella) que se repartissem estas Reliquias minimas

ando de satisfa??o, que o meu Theodorico trouxe-me uma Santa Reliquia, com q

, Theodorico, seguiu-se o meu conselho? Esgaravataram-

já o n?o ha no nosso

pelho, onde estudava

proclamava o Justino, a

os dentes famintos, babu

alheiros, de que

padre! Trespassei-o com dois olhares mais

dote, se atire de focinho para baixo a re

io, com a impaciencia de uma nobre al

ombrado! Foi o que disse o meu amigo allem?o: ?Essa reliquia,

luvas pretas… E atraz da snr.^a D. Patrocinio, cujos setins faziam no sobrado um ruge-ruge de vestes de prelado, penetrámos no corredor

lias-as tunicas dos Santos, azues e vermelhas, com o seu lustre de sêda, pareciam novas, especialmente talhadas nos guarda-roupas do céo para aquella rara noite de festa… Por vezes o raio d'uma aureola tremia, d

scena! murmurou o dr. Margaride, d

vergado, rosnei sobre elle uma Ave; depois, ergui a toalha que o

n'esta Reliquia, papel, nastro, caixotinho, prégos, tudo é santo! Assim por exemplo os préguinhos… s?o da Arca de Noé… Póde vêr, snr. padre Negr?o, póde apalpar! s?o os da Arca, até ainda enferrujados… é tudo do melhor, tudo a escorr

pre, filho! tartamudeou a

ue a Magistratura e a Egreja eram veridica

ido e possa fazer as ora??es que mais lh

cerrei

r?a d'E

o queixo austero; Justino sumira-se na profundidade dos seus collarinhos; e o ladino Negr?o escancarava para mim uma boca?a negra, d

cital-a pela posi??o religiosa a que a elevava a posse d'aquella Reliquia. Ent?o, cedendo á forte auctoridade

ira do caixote, cravei o form?o na fenda

i, arripiada, como se eu fosse m

ndi em Jerusalem, a maneja

com terna reverencia: e ante os olhos extaticos surgiu o sacr

a titi a esvaír-se de gosto beato, com o branco

rubro de

a, que compete, pela sua muita vi

do nastro vermelho; depois, com o cuidado de quem teme magoar um corpo divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do papel pardo… Uma brancura de linho appareceu… A titi segurou-a

A camisa de dormir da Mary! E pregado n'ella por um alfinete, bem evidente ao clar?o das velas, o cart?o com a offerta em letra encorp

escarneo! camisa de prostituta! achincalho á snr.^a D. Patrocinio! profana??o do Oratorio!? Distingui a sua bota arrojando furiosamente para o corredor o trapo branco. Um a um, entrevi os amigos perpassarem, como longas sombras levadas por um vento de terror. As

rca

sa

or d'escandalo acordára o casar?o severo. E a Vicencia sur

ara o meio da rua, que o n?o quer nem mais um instante em casa…

ped

eira de rendas. E a Vicencia,

sae já para a rua, a senhora d

rra?

as chinelas que embrulhei n'um numero da Na??o. Sem reparo, agarrei d'entre as malas um caixote com bandas de fe

ns sanhudas da titi, bateu-me nas costas com o port

malas, era a das Reliquias menores. Complicado sarcasmo do Destino! Para cobrir meu corpo desabrigado-nada mais tinha que taboinhas aplainadas por S. José, e cacos de barro do cantaro da Virgem! Metti no

*

rafa d'agua de Vidago, d'uma caixa de pilulas e d'um numero da Na??o. Na sua testa, immensa e arqueada como um front?o de capella, torciam-se duas veias grossas: e sob as ventas largas, ennegr

nte os annuncios, pousou em mim os olhos amarellentos de bilis e ba?os

murmurei

s o guardanapo para den

curiosidade, vem da

amente a m?o p

r… Venho de

sua emo??o, confessou que lhe interessavam muito todos esses lugares santos porque tinha

eci muito um Patriarcha… Conheci muito o snr. Patriarcha de Jerusalem

sua agua de Vidago-e convers

erusalem,

as?… Loja

ero dizer lojas de santidade, de r

udo, até ossos de Martyres… Mas o melhor é cada um esqu

cubi?a avivou as pupi

chal. E de repente, com

inguinha de Port

ata tra?ada á m?o n'um velho rotulo de papel a

s

da do Senh

e admirar as photographias de Jerusalem. Elle aceitou, com alvoro?o: mas, apenas transp?z a porta, correu sem et

? indaguei, desenrola

ando em lhe off

m frasco d'agua do Jord?o. Cheirou-o, pesou-o, chocalhou-o. Dep

attes

do como authentica e sem mistura a agua do rio baptis

tost?es pelo

aguas, lascas, pedrinhas, palhas, que eu considerára até ent?o um lixo ecclesiastico esquecido pela vassoura da Philosophia! As Reliquias eram valores! Tinham a qualidade omnipoten

Quinze tost?es! Chega a ser impiedade!… V. s.^a imagina que a agua do Jord?o é como agua do Arsenal

asco na palma gorda,

atro mi

ermos companh

?o embrulhado na Na??o, eu, Theodorico Raposo, achava-me fatal

nelos, escolhia um caco do cantaro da Virgem ou uma palhinha do Presepio, empacotava na Na??o, largava a pecunia e abalava assobiando o De Profundis. E evidente

tentava-me em ir á egreja de Sant'Anna, todo de negro, com um ripan?o. N?o encontrava a titi, que tinha agora de manh? no Oratorio missa do torpissimo Negr?o. Mas lá me pr

s benemeritos da Magistratura e da Egreja. Sempre que encontrava padre Pinheiro ou dr. Margaride, cruzava as m?os dentro das mangas, baixava os olhos, evidenciando humildade e compun??o. E este retr

ha de arranjar… Que ella por ora est

bal

ecordado dos compendios de Economia Politica, reflecti que os meus proventos engo

pecialidade foi a agua do Jord?o, em frascos de zinco, lacrados e carimbados com um cora??o em chammas: vendi d'esta agua para baptisados, para comidas, para banhos: e durante um momento houve um outro Jord?o, mais caudaloso e limpido que o da Palestina, correndo por Lisboa, com a sua nascente n'um quarto da Pomba d'Ouro. Imaginativo, introduzi novidades rendosas e poeticas: lan

ara a semana… Vem-me ahi um

mo homem inchavam n'uma indign

quistas n?o tinham esta esplendida garantia d'uma jornada á Terra Santa. Só eu, Raposo, percorrêra esse vastissimo deposito de santida

Atochado, empanturrado de Reliquias, este catholico Portugal já n?o tinha capacidade-nem p

itas manh?s, com um casac?o ecclesiatico e um cache-nez de sêda disfar?ando a minha barba, assaltei á porta das egrejas velhas beatas: offerecia peda?os da tunica da Virgem M

escadas sorrateiramente, para n?o encontrar o patr?o; ch

ossos dos Martyres, como quereis que prospere este paiz?? No café do Montanha dava murros sobre as mesas: ?é necessario Religi?o, caramba! Sem Religi?o nem o bifezinho sabe!? Em casa da Benta Bexigosa amea?ava as raparigas, se ellas n?o usassem os seus bentinhos e os seus escapularios, de n?o voltar alli, de ir a casa da D. Adelaide!… A minha inqu

amara Patriarcal, só col

sus, uma reliquia que se vendia t?o bem! O seu negocio com as ferraduras é perfeitamente indecente… Perfeitamente indecente! é o que me dizia n'outro dia um capell?o, primo meu: ?S?o ferraduras de mais para um paiz t?o pe

porta com furor, dei

Beja e rica proprietaria de porcos: e elle ?queria dar um presente catita á carola da velha, tudo coisinhas da Cartilha e do Santo Sepulchro.? Arranjei-lhe um lindo cofre de reliquias (ahi colloquei o meu septuagesim

mpia entre a chita esga?ada. Como unico ornato pendia sobre a commoda, n'um caixilho enfeitado de borlas, uma lithographia de Christo crucificado, a c?res; nuvens ne

er a sola, quando uma manh? o André da Pomba d'Ouro me trouxe uma carta que lá f?ra deixada na vespera, com a marc

o com lagrimas, participar-lhe que sua respeitave

A velha r

a chorar… O nosso Negr?o!…? E empallidecendo, n'um suor que me alagava, avistei, ao fim da lauda, a nova medonha:-?do tes

her

i aos encontr?es pelas

ei-o á banca, com uma gr

do fatias de vitella s

ici

ciei, esfalfado, arrimado

o!-murmurou elle,

ro. Elle offereceu-me vinho de Bucellas. Bebi um c

, conta lá tud

Senhor dos Passos da Gra?a. As ac??es da Companhia do Gaz, as melhores pratas, a casa de Linda-a-Pastora para o Casimiro, que já se n?o mexia, moribundo. Padre Pinheiro recebia um predio na rua do Arsenal. A deliciosa quinta do Mosteiro, com o seu pittoresco port?o

siderou philosophicamente o Jus

das as cóleras da Natureza. Pedi ás arvores que recusassem sombra á sua sepultura! Pedi aos ventos que sobre ella soprassem todos os lixos da terra! Invoquei o Demonio: ?Dou-te a minha alma se torturares incansavelmente a velha!? Gritei com os bra?os para

a odiar-adorm

um longo embrulho. Era o oculo. Mandava-m'o o Justino,

culo com rancoroso sarcasmo-para eu vêr através d'elle o resto da heran?a! E eu via, apesar da escura noite, nitidamente via o Senhor dos Passos sumindo os ma?os de inscrip??es dentro da sua tunica r?xa; o Casimiro to

avam, esse capacete e esse oculo, emblemas das minhas duas existencias-a de esplendor e a de penuria! Havia mezes, com aquelle capacete na nuca, eu era o triumphante Raposo, herdeiro da snr.^a D. Patrocinio das Neves, remexendo ouro nas algibeiras, e sentindo em torno, perfumadas e á espera de que eu as c

e em Jerusalem uma reliquia-trazia a camisa de dormir d'uma luveira! E n'um impulso de caridade, destinado a captivar o céo, atirava como pingue esmola a uma pobre em farrapos, com o

ava sobre a commoda, glorioso, entre dois casti?aes. E ninguem lhes tocára: nem o jocundo Potte; nem o erudito Topsius; nem eu

a miraculosamente os espinhos em rendas, para que a titi me desh

dos em mim e mais abertos, como gozando a derrota da minha vida, os o

epente illuminado e com

tu! Fo

le, desafoguei fartamente os quei

N?o acudia eu todos os domingos, vestido de preto, a ouvir as missas melhores que te offerta Lisboa? N?o me atochava eu todas as sextas-feiras, para te agradar, de bacalhau e de azeite? N?o gastava eu dias, no ora

barbas, eu clamava ainda, t?o perto da imagem que a

n?o tornáras para ninguem fonte de riqueza e esteio de poder; n'esse dia, em que a titi, e todos os que hoje se prostram a teus pés, te teriam apupado como os vendilh?es do Templo, os Phariseus e a popula?a d'Acra; n'esse dia, em que os Soldados que hoje te escoltam com charangas, os Magistrados que hoje encarceram quem te desacate ou te renegue, os Proprietarios que hoje te prodigalisam ouro e festas d'egreja-se teriam juntado com a

se ao meio com o fragor faiscante de uma porta do céo. E de dentro o Christo no seu madeiro, sem despregar os bra?os, desli

no soalho. E ent?o senti esparsamente pelo quarto, com um ru

doso sendo mesquinho; e simulaste a ternura de filho tendo só a rapacidade de herdeiro… Tu foste illimitadamente o Hypocrita! Tinhas duas existencias: uma ostentada diante dos olhos da titi, toda de rosarios, de jejuns, de novenas; e longe da titi, sorrateiramente, outra, toda de gula, cheia da Adelia e da Benta… Mentiste sempre:-e só eras verdadeiro para o céo, verdadeiro para o mundo, quando rogavas a Jesus e á Virgem que rebentassem depressa a titi. Depois resumiste esse laborioso

z susurrou, mais larga, como o

iniquidade, outra fingida e de santidade. Desde que contradictoriamente eras do lado direito o devoto Raposo e do lado esquerdo o obsceno Raposo-n?o poderias seguir muito tempo, junto da titi, mostrando só o lado, vestido de casimir

es, suspensos no ar, com prégos que despediam tremulas radiancias de joia. E a

d'homem… Escuta ainda! Perguntavas-me, ha pouco, se eu me n?o lembrava do teu rosto… Eu pergunto-te agora se n?o te lembras da minha voz… Eu n?o sou Jesus de Nazareth, nem outro Deus creado pelos homens… Sou anterior aos deuses transitorios: elles dentro em mim nascem; dentro em mim duram; dentro em mim se transformam; dentro em mim se dissolvem: e eternamente permane?o em torno d'elles e superior a elles, concebendo-os

antára os olhos-já

e uma evidencia do Sobrenatural

e filho de Deus, que te enc

que reentrára dentro de mim-e bem certo de n?o acreditar que Jesus fosse filho de Deus e d'uma mulher casada de Galilêa (como Hercules e

*

de Telles Chrispim & C.^a, com fabrica de fia??o á Pampulha-camarada que n?o avistára desde o meu grau de bacharel. Era este o louro Chrispim, que outr'ora no collegio dos Isidoros me dava beijos vorazes

pois invejou a minha jornada á Terra Santa (que elle soubera pelo Jornal das Novidades) e alludiu,

a de rosas; e ahi, no silencio e no perfume, narrei a camisa funesta da Mary, a Reliquia no

o da minh'alma, que aq

rmurou que em Portugal, gra?as á Carta e á Religi?o, todo o mu

come?ou a fazer versos, a metter-se com actrizes… E muito republicano, achincalhando as coisas santas… Emfim, um horror, desembaracei-me d'elle! Or

erem-me nas pestanas abr

, com uma careta de que

estás muiti

asto Livro de Caixa… A Firma ensinára-me a ?regra de tres?, e outras habilidades. E, como de sementes trazidas por um vento casual a um torr?o desaproveitado, rompem inesperadamente plantas utei

e dos compendios que lhe metteram no

char o Livro de Caixa, Chrispim & C.^a parou diante

s?o, tu a que mi

tirei a minha m

ossa, á Ribeira. Ora se tu n?o estás muito apegado a outra missa, vinhas á de Santos, ás nove, iamos al

dade de S. José. O empregado, cuja carteira eu occupava, tornára-se-lhe sobretudo intoleravel por escrever no Futuro, gazeta republicana, folhetins louvando Renan e ultrajando a Eucharistia. Eu ia dizer a Chrispim & C.^a que e

esteja todos os domingos n'um peda?o d'hostia feita de farinha. Deus n?o tem corpo, nunca teve… Tudo isso s

ou-me um momento

te de mim dizia: ?Grande homem, o Papa!? E depois ia para os botequins e punha o Santo Padre de rastos… Pois acabou-se! N?o

o, a riqueza dos seus cabellos ruivos como os d'Eva, o seu peito solido e succulento, a sua pelle c?r de ma?? madura, o riso s?o dos seus

d'ovos queimados: e o seu olho vesgo pousava, com incessante agrado, na minha face potente e barbuda de Rapos?o. Uma tarde ao café, Chrispim & C.^a louvou a Familia Real, a sua modera??o constitucional, a gra?a caridosa da Rainha. Depois descemos a

galhofeiramente o chapéo sobre a pagina do Livro de Caixa que eu enneg

se o Raposinho fosse R

d'esse peito amor verd

suina como a uma estrella remota… Mas recordei a Voz altiva e pura da travessa da Palh

llo mulher?o: gosto-lhe muito do d

?o honrada! g

*

Estado, pela minha illustra??o, as minhas consideraveis viagens e o meu patriotismo-me deve o titulo de Bar?o do Mosteiro. Porque eu comprei o Mosteiro. O digno Mag

ei mais: as mesmas sombras cobriram seu respeitabilissimo pai, Theodorico!… Eu por mim, se tivess

^a disse, pou

isa de famili

o procurador do Negr?o, a escriptura que me tornava emfim, depois

r?o? indaguei eu do bom Justino, apen

Pinheiro que n?o tinha herdeiros, e que elle levára para Torres, ?para o curar?. O pobre Pinheiro lá andava, mais chupado, empanturrando-se com os tremendos jantares do Negr?o, deitando a lingua de fóra di

nei, p

e b

Tem carruagem, tem casa em Lis

Ade

uterio… Depois esteve muito era segredo c

ei

i-o hontem, vinha de prégar… Pelo menos disse-me que ?sahia de S. Roque esfalfado de dizer amabilidades a um diabo

lia!) o possuia agora legitimamente o horrendo Negr?o!… Perda pavorosa! E que

sitiva da vida: e sentia bem que f?ra esbulhado dos contos de G. Godinho

ccado-eu deveria ter gritado, com seguran?a: ?Eis ahi a Reliquia! Quiz fazer a surpreza… N?o é

e a Santa me offertava a sua camisa. Lá brilhavam as suas iniciaes-M. M.! Lá destacava essa clara, evidente confiss?o-?o muito que gozámo

do paraiso? Os dois sacerdotes, Negr?o e Pinheiro, conscios do seu dever, e na sua natural sofreguid?o de procurar esteios para a Fé oscillante-acclamariam logo na camisa, na carta e nas iniciaes, um miraculoso triumpho da Egreja! A t

ento-o feitio das camisas na Judêa no primeiro seculo, o estado industrial das rendas da Syria sob a administra??o Romana, a maneira de abainhar entre as ra?as semiticas… Eu surgiria, na considera??o da Europa, igual aos Champollions, aos Topsius, aos Lepsius, e outros sagazes resuscitadores de Passado. A Academia logo gritaria-?A mim, o Raposo!? Renan, esse heresiarcha sentimenta

rado heroismo d'affirmar, que, batendo na Terra com pé forte, ou pallidamente el

p. de A. J. da

a Cancell

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