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A Morgadinha dos Cannaviaes

A Morgadinha dos Cannaviaes

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Chapter 1 No.1

Word Count: 4312    |    Released on: 06/12/2017

trafeitos sorrisos de primavera, subiam dois viandantes a encosta de um monte por a estreita e sinuosa ve

a já a resentir-se, sen?o ainda nos valles e planuras, nos visos dos outeir

m nome em carta corographica, estendiam-se milhas de pouco transitaveis caminhos. Vestigios de existencia humana raro se encontravam. Só de lo

gualdade de condi??es os do

orelhas, musculos de marmore e articula??es fieis; o outro seguia a pé, ao lado d'elle, competindo, nas grandes passadas que devoravam o

transporte, dos dois o menos extenuado e impaciente com as longur

o obstinado silencio que apenas de quando em quando interrompia com uma phrase curta mas energica, com uma pergunta impaciente sobre o termo da jornada, contrastavam com a viveza de gestos e desempenado j?go de membros do pedestre,

o era um elegante rapaz de Lisboa, que fazia ent?o a su

estalagens, e mórmente nas classicas estalagens das nossas provincias. As pequenas impertinencias, em que se n?o pensa antes, que se esquecem depois, ou que a saudade consegue até dourar e poetisar a seu modo; esses microscopicos martyrios, que de longe n?o avultam, actuam-nos, na occasi?o, a ponto de nos inhabilitar para o g?so do que é realmente bello. A dureza do colch?o, em que se dorme, do

as pequenas odyssêas, que atormentam e exhaurem o animo dos Ulysses novatos; mas ai, quando se adqu

. Onde domina o sentimento e a imagina??o, mal teem cabida a paciencia e phleúgma, necessarias aos processos analyticos. O homem positivo e fri

em Lisboa, levantando-se por avan?ada manh?, frequentando o theatro, o Gremio, as camaras, parolando no Chiado ou

ramos, a primeira levada a effeito, e logo sob t?o maus auspicios, que era para suffoc

impacientadoras; d'aquelles em que a terra saciada rejeita já a agua que recebe, a qual escorre nos declives, transborda dos algares, e encharca-se nos terrenos baixos, transformando em brejos as lezirias; em que as lufadas do sul vergam e torcem os ramos, melancolicamente

rapaz podia deixar de ir cabisbaixo, trist

r quê a commett

a natural interroga??o, que é de supp?r nos

ste Henrique de Souzellas attingira a idade dos vinte e sete annos, vivendo, como dissémos, aquella enlanguescedora vida da capital, e dividindo as atten??es do espirito

a vida fóra

nem imaginava possibilidade de visitar a Europa, q

rsos para realisar qualque

ntes, dos quaes vivia folgadamente e sem pr

t?o direita a apostrophe de Garrett aos seus ?queridos a

cuo interior, um mal-estar, doen?a infallivel nos celibatarios sem famili

circulos dos seus amigos, os quaes principiaram tambem a achal-o insupportavel de insipidez; porque poucas coisas ha que mai

, implacavel verdugo dos ociosos e egoistas, o qual ha

de medicina, construindo theorias physiologicas, consultando todos os medicos da capital, experimentando todo o arsenal pharmaceutico e todos os annuncios, em parangona, da quarta pagina dos periodicos, e elevando as cren?as do seu espirito amedrontado até ás mysteriosas e nevoentas alturas do credo homoepathico! Ao mesmo tempo manifestou-se n'elle uma progressiva deg

m o desculpavel intuito de sacudirem de si tal pesa

ulgou ouvir uma heresia

icas? E as suas disposi??es para tantas outras enfermidades

o caminho? Recusou com mau humo

s consultas, e os medicos, como se para isso a

o tem nada-d

ia a cabe?a,

ia o hypocondriaco rapaz persuadiu-se muito séri

sa occasi?o o escutou, em vez de se

e quizer salvar-se, saia-me d'aqui, emquanto é tempo. Quebre por todos os habitos, e escolha entre as fortes impress?es de uma grande capital, como Pari

que um presente de fructa de uma sua tia, santa c

inho onde na idade de cinco annos Henrique

io apagado na memoria, e conseguira fazer-lhe saudades.

outor, Henrique nomeou-lhe a alde

laudiu a ideia e instou

?o á tia, e, passados d

eis exacerba??es em todos os seus males. Os inconvenientes de uma jornada, feita ainda segundo os velhos processos, com

asi convencimento de proxima anniquila??o, do qual nem a loquacidade do almocreve, condimen

fficuldades da ascens?o do ingreme e escabroso caminh

nrique demandava; por isso o estafado rapaz n?o podia atinar a raz?o de conveniencia pela qual, tendo de procurar o v

estrada menos log

frequentes estas falta

enrique com o fim de encurtar distancias, segui

nevoa d'aquella atmosphera saturada de humidade, nem prestava atten??o á agreste e selvatica

da flexuosa ladeira que subia, no sitio em que ella, for

e ao viajante, can?ado e aborrecido, que pela pr

vez o termo do ca

o approximar-se, est

co no caminho, e á disposi??o de cujo instincto elle collocára a raz?o, dobrava ainda para a direita e continuava a contornar e a subir o monte. A espiral n?o terminára

oxismo de i

exasperado.-S?o os nove circulos d

, a calar através do grosso gab?o de jornada que Henrique v

o almocreve, assobiando c

Henrique, n?o podendo conter-se.-Essa m

em se alterar. Vê aquella capellinha branca em cima d'aquelle monte? pois f

ez nos afastamos mais. Pois se a aldeia fica alli em baixo, para que diabo subimos nós? ás volt

e f?sse a direito lá por ba

razer de trepar, que

á ideia de que o caminho lá por baixo é todo cortado por quintas e campos, e é preciso dar taes voltas, que a final fica mais longe. Depois, com a chuva que tem caído, faz lá ideia de como est?o os ria

a

ndo;-mas vêem-se d'aquelle sit

o; e penderam-lhe os bra?os com mais desalento e

roseguiu, par

é dos mais seguros. Vê o senhor essa cruz preta, ahi á sua m?o direita, pregada no tronco d'esse pinheiro? Pois ahi mesmo mataram um homem, que vinha com uns centos

nfian?a e quasi julgou vêr moverem-se sombras suspeitas por entre os troncos dos pinheiros.

cado tronco de sobreiro, de junt

valle muitas arvores, mas continuou

aldeia que

o para alcan?ar o cavalleiro.-N?o vê v. s.

jo,

via de avistar a casa do guarda. é a tapada dos B

istancia a que ficava ainda

aram a descer para o valle, coste

que se divisava ao longe por entre a rama do arvoredo, mas já indisti

lla da freguezi

seculo par

aqui, estamos

ergastada nas ancas do ma

m cont

rimeira pessoa que lá se enterrou, e até hoje mais ninguem. O povo, como o outro que diz, tem sua aquella em se enterrar fóra da egreja. Elle, a fala

brado de desalento, já nem atte

unciando a proximidade de um povoado. Os caminhos estreitavam, internando-se no valle, e seguiam tortuosamente por entre muros t?scos de pedra ensossa, sil

han?a da aldeia iam suc

m aquella express?o de composta curiosidade, que lhes é peculiar, para o recem-chegado visitante da aldeia. N?o faltou receio a Henrique

ncómmodo das rodas sob o eixo, incómmodo para os ouvidos cidad?os de Henrique, cujos nervos se irritavam com elle, m

que a atmosphera humida mal deixava elevar nos ares. No olfacto deshabituado de Henrique de Souzellas o cheiro resinoso e a

o isto a funda melancolia

terrar n'esta aldeia escura e suja! Enganou-se o parvo do doutor. Cuidava qu

s vezes caminhavam em terreno descoberto, outras penetravam em t?o estreitas quelhas, apertadas entre paredes argilosas e humidas e toldadas de ramos entrela?ados, que só o instincto do animal po

entes, e algumas de me

os por dentro dos port?es ou de sobre os muros das quintas, ao ouvirem os

das córtes ou, partindo de um casebre rustico, o chorar de crean?as, e

cicerone, que sómente interrompia para saudar

-s?o da morgadinha dos Cannaviaes;

uma casa terrea, escassamen

Escolastica. Com

é? Ent?o n?o entra?-respo

, n?o,

uiu para

creatura. A

e inter

nta de Alvapenha? onde mo

s amarellas que ha ahi... é logo ao pé. Essas casas que di

dinha. Até esta periodica referencia a uma personagem q

es ouviam o ruido das levadas, que as ultimas chuvas tinham engrossado; adeante, transpunham uma ponte rustica, escutando

omento imaginava

ndo para se fazer ouvir através do estrondo da

alento já tin

olveu o cora??o a nuvem de melancolia, que cedeu sem resistencia ao cre

n??es uma toada plangente, melancolica,

almocreve.-é um dos maiores amigos do

ejo nada.

quinta dos Cannaviae

ra ahi com essa morgad

a de lugubre. Era a cor?a rezada em familia a Nossa Senhora. A voz grave do lavrador casava-se com a voz quebrada e trémula do av?, com a voz sonora e fresca da

quinta de Alvapenha, que n

r, o qual com desusada rapidez galgou uma ladeira orlada de arvores, volveu á direita e, á vo

-disse

mo tempo, como o do homem can?ado da vida, quando antevê o repouso do tumulo. Em Henriq

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