A Morgadinha dos Cannaviaes
s pancadas no solido port?o de cas
mal a Henrique da cordialidade da recep??o que o esperava. De facto as inten??es dos quadrupedes n?o pareciam demasiado hospitaleiras. O almocrev
s á ordem, se é licito, sem irreverencia, empregar n'est
s gonzos, e emfim um homem de lavoura alto e magro, trazendo em punho um lampe?o
hor lhes dê mu
sto de Henrique, poz-se a miral-o
cá da senhora,
eu
azêdo. Eu já julgava
avam a imp?r respeito os olhares ferinos e os rugidos surdos dos
tre-insist
es anima
l. Sae-te p'ra lá, L
omes! E dizia o home
e soltam assim os c?es. Os diabos n?o s?o nenhuns cordeiros. Olhe no outro dia o sr.
uxesse cá os d'elle. N?o tem dúvida; ent
Henrique, a quem as palavras do almocreve
d'isto encolheu o
L
annos, e quasi nua,
ses c?es, que aqui
ch?o um tronco de tojo, deu-se a zurzir desapiedadamente nas feras, que, com todo
maltratado com o desfecho da scena; mas a prudenci
ve-arranje-se como puder e mais a bêsta ahi pela
que eu cá me arranjarei. Muit
o guia a esportula da gorgeta, e após seguiu, com
de Henrique, o aspecto que lhe offerecia, áquella hora da noite,
evitar a Henrique o trope?ar n'um carro desapparelhado, n'uma dorna, n'uma pia para gallinhas, e em outros objectos que atrancavam o quinteiro. Transpondo a cancella que terminava este, seguiram por uma rua de folhas; atravessaram diagonalmente a horta, pelo carr
ique era um genuino typo de
os á escassa luz que os allumiava, recebeu Henrique a primei
rava-se agora vagamente de ter brincado alli, a cavallo n'esse mesmo parapeito, ent?o, como agora,
ecera, e ao qual tinha a ideia vaga de haver quebrado uma aza; abaixou-se no intento de se certificar, e viu q
erta, vendo que em oito dias operava maior reforma nos seus aposento
sse para dentro que era o sob
pareceu de bra?os abertos a tia Dorothéa, e por traz d'ella, elevando a luz acima do hombro da ama, a criada Maria de Jesus, a que, havia tri
do comprido bigode de Henrique, a sr.a Dorot
ainda encontrar os mesmos cabellos louros e annelados e o mesmo rosto menineiro da travêssa crean?a d
s illus?e
; a infundada surpreza invade-nos de subito, e os l
o Henriquinho?!-disse e
que sim, t
omem! ó Maria de Jesus,
ado!-disse a criada,
Nossa Senhora nos livre de tal!-exclamou a ama, em cujo conc
que havia tanto tempo que n?o vira, e ella corresp
tinha n'aquella alma. A bondade é um rico mananc
sentiu prêso em novos la?os. Era Maria de Jesus, que o abra?ava tambem e lhe pespegava nas faces dois beijos muito chiado
ece entre amos e criados distancias desconhecidas na aldeia, extran
us dizia, ai
s é este o menino que vinha á cozinha li
que boa marmel
oubesse que eras assim, n?o tinha mandado l
d?ce cá em casa, como d'a
uerem vêr nós aqui postas á palestra! Entra, menino, en
um pouco, t
entrou pa
leitor sobre as pessoas, em cuja casa s
lheres-D. Dorothéa e Maria de Jesus, ama e criada-gosavam na quinta de Alvapenha
duas celibatarias passavam alli uma vida, rescendente a um suave perfume de santidade, como o da alfazema e do ros
maior parte das familias d'este mundo. Entre velhas, que nunca tiveram filhos, circumsta
prichos da outra, e tudo corria bem. Nunca a dentro d'aquellas paredes se ouviu uma só palavra, que, por mais alt
os por demandas entre primos e irm?os, paes e filhos, marido e mulher, most
ugmentavam o numero de Padre-Nossos com que todas as noites se faziam lembrar dos santos, de
es-equivalia a escutar uma resenha das differentes calamidades, que perseguem
das bexigas, etc. Seguia-se um Padre-Nosso por todos os que andam sobre as aguas do mar; outro por os pobres sem abrigo nem alimento; outro por os orph?os; outro pelos doentes; um pelos vivos; outro pelos mortos; um pelos justos; outro pelas almas do purgatorio, n?o hesitando até a s
endores da luz perpetua? oravam com verdadeira compun??o. N'esta phalange ia tambem D. Jo?o VI, por quem, havia quarenta annos, se costumára a rezar D. Dorothéa, e n?o
em nos sentimos attrahidos; a quem se estima e com quem se brinca ao mesmo tempo; que nos podem inspirar sacrificios e simultaneamente nos tentam a travessura; a q
o da tia Dorothéa com o seu vestido r?xo, o seu len?o castamente cruzado no peito, a sua touca de folhos alvissimos e de
erar de uma longa e intima convivencia; haviam reciprocamente adoptado maneiras e modos de pensar e de vêr e de dizer as coisas
de Souzellas ao primeiro exame
com elle para
com Henrique julgaria, á vista da uniforme disposi??o de coisas mantida alli dentro e
mais desbotadas; as mesmas ou iguaes cortinas nas janellas; o mesmo cheiro de feno e alfa
e e leviana memoria de rapaz estouvado, s
ma physionomia
atar-se. O tecto era de almofadas de castanho, em tempos pintado de azul, agora de uma c?r duvidosa. Havia quinze annos que D. Dorothéa falava em o mandar retocar, mas o projecto, momentoso como era, ia sendo adiado de primavera para primavera. Orlava a sala, no alto, um friso ou cornija saliente, onde coroadas ma??s de inverno aguardavam, em vistosa fileira, a completa matura??o, e derram
spectiva chronica, é obra das m?os de José de Nicodemus; os Santos Martyres de Marrocos, da igreja de S. Francisco, etc., etc. Sobre a cómmoda de pau preto era devotamente venerado o mais rubicundo, menineiro e bem disposto
o de caro?os de azeitonas, uns poucos de vintens de prata, enfiados e pendentes do bra?o do menino Jesus, que o santo sustentava ao collo, veronicas, escapularios, u
; mesas cobertas com colchas de chita; bahús cravados de pregaria amarella, disposta em lettras e arabescos; uma papeleira de pau santo, e uma gai
casa, sentia já certo desconf?rto, como de quem é arrancado de subito ao ambiente, em que se educou e vive, e e
udade é como o de certas flores, que só se percebe quando de longe o
a isto co
is funda a cren?a de que n?o seria p
anto sua tia falava-ser?o efficazes para que
tanto se
s cruzados em contempla??o defronte d'elle.-ó menino, onde fos
bremaneira emba
N?o é obriga??o-respondeu
do-se e tomando logar ao lado da ama.-Até nem sei que pare
elle; um homem sujeito a uma exposi??o d'estas, por mais que fa?a, n?o atina com o modo de arrostar com ella, que n?
rer recolher-se. Henrique, apesar de n?o costumar cear, acceitou a ideia, porque o frio, as fadigas e a má alimenta??o dos ultimos dias, haviam-lhe desafiad
pelens. Vejam lá que arranjo este! ficar toda a santa noite sem alguma coisa que dê sustento ao es
bastante
molhada no corpo. ó Maria... ou deixe estar, eu vou... Anda, Henr
vestido, saboreava uma gorda gallinha de canja, sobre uma
ais afamados cozinheiros de Lisboa, estava achando delic
iliaridade, que Henrique já anteriormente extra
á; pois que o faziam
al curiosidade de quem havia tanto tempo n?o tivera um hospede, faziam
que estavas doente; pois ol
oas c?res, e, vamos, a magrez
co de Henrique; resp
estou? Pois isto é lá c?r de saude? de f
E depois como vieste de jornada... Mas
da a parte. ás vezes parece-me que sinto apertar-se-me dolorosamente o cora??o; outras, s?o palpita??es, ancias... Tenho quasi vontade de chorar, irrit
, emquanto elle falava, e na physionomia iam-se-lhe desenhando,
a exposi??o, ella disse-lh
im uma espec
obresaltou-se. Seria a consc
Mania! Veja bem, olhe qu
n?o é outra coisa. Pois isto de estar triste sem ter de quê..
ttejaes lagrimas sinceras ao desmaiar do dia, ao desfolhar das arvores no outomno; poetas, que escutaes, com Victor Hugo, as vozes interiores, os cantos do crepusculo, e com elle adivinhaes os mysterios dos raios e das sombras, perdoae a involuntaria blasphemia da tia Dorothéa, que n?o contem o menor fermento
a express?o, de que se servira a
empre é forte de mais. Mania, n?o,
cunhado da Rosa do Bacello. A senhora n?o se lembra? Andou aquella alminh
, erguendo os olhos interr
cluiu esta, espevitando a véla
zellas pulou co
de caldo de arroz, que lhe estava s
mes mais?-per
do; eu o mais q
reciso fazer por c
este c?x?o-di
Henrique, e insistiu pa
Senhora, menino. E deixa-te lá de pensar e estar triste, que isso n?o é bom. é
-e n?o queira estar doente
Augustito do doutor, que é um bom mocinho. E depois vae dar um passeio por ahi, um dia até os moinhos outro dia até á ermi
só a morg
chamar-lhe tamb
utras senhoras mandaram tambem o Torquato saber do
ella gente. é uma gente muito dada e sem ceremonia. é preciso
duas, nem se dava ao trabalho de intervir no dialogo em que e
ae e faze por dormir. Olha lá
ia, n?o
está aquella lamparina, que me serviu
senhora; se a s
á, me
ia, n?
escuras-dizia a criada.-Eu, gra?as
ê. Olha, ó Henriquinho, has de vêr se
Henrique, procurando fugir ás muitas reflex?es, perguntas e
no, tu bebes
ve
e agua no qu
nt?o? Já minha m?ezinha dizia, q
bom. Ent?o muito
noite
s de vêr se queres
de querer
io. Você quantos cobert
o, se
ique, quasi horrorisa
pou
rrer esmagado d
! Olha que es
eu cá me
muito bo
boa noi
ia a fech
disse ain
que p
que é que m
er nada, tia
... boa noite. Ai, é verdade... Sem
lá isso se
que bem
enhora-disse a
o boa noite nos dê
boa noi
onseguiu fec
finalme
ver com esta santa e virtuosa gente, que chama manias aos meus padecimentos? Que futuro de impertine
pé de chita, t?o alto que se n?o dispensava o auxilio de cadeira para trepar acima d'elle, uma comm
ectos de toucador, a que estava habituado. Aquelle estri
onvidativos: os travesseiros, de largos folhos engommados, possuiam uma molleza agra
o casti?al no travesseiro, e, abrindo um livro que trouxera
gina, quando ouviu a voz da tia Doro
, tu já t
m, tia
la com a luz. Eu te
an?ada, tia.
elhor. S. Mar
se, rezand
continu
pouco a
rmes, Hen
, ainda n
uz. Eu tenho um mêdo de fogos! N?o descan?
perdeu a
de soceg
véla, mei
já é tarde, e é melhor fazer por
cama, dizia comsigo:-E esta! Já vejo que nem ler me é permittido aqui.
feito, insinuando nos membros can?ados da jornada um agradavel calor. Convidavam ao somno o som da agua n'um tanque que fica
penas algumas lufadas de vento, já meno
s lagrimas nas faces, mas já n?o brotam novas dos olhos: saem ainda do peito
o e no meio d'aquelle socego; fecharam-se-lhe enfraquecidos os olhos, e deslisou suave, insensiv