Opúsculos por Alexandre Herculano - Tomo 08
ella mesma uma for?a, mas uma insensivel mola do mundo moral, inlellectual e physico, cujos registos motores est?o em
e lhe atreve, medrando com a prosperidade, medrando ainda mais com a persegui??o; sol novo que o homem accendeu e n?o poderia apagar, sol que alumia ou aquece, deslumbra ou abrasa, desinvolve flores e fructos, venenos e serpentes! é a imprensa o maior facto da sociedade moderna, o que marcou a maior épocha da historia universal, fazendo surgir a revolu??o m?e, a revolu??o das revolu??es, a revo
nso da lisonja, a caridade ou o ódio, a innocencia ou a corrup??o, a honra ou o desaf?ro, a anima??o ou o desalento, as sementes da paz ou as da guerra! Quando se imagina esta immensa e afogueada lida do incansavel e contradictorio espirito humano, cuida-se estar vendo aquella temerosa magica Medéa, como no-la pinta Ovidio, cozinhando todo o genero de drogas, para apurar o líquido milagroso que havia de restituir a mocidade a um velho decrépito. O pau secco de oliveira
parando e operando a metamorphose e renova??o do orbe. A b
lidades maiores com as menores, das maiores ou das menores entre si, das da humanidade com as da patria, das da patria com as da cidade, das da cidade com as da familia, das da familia com as do sujeito, das utilidades dos contemporaneos com as dos vindouros, das materiaes com as espirituaes, das politicas com as religiosas: outros em fim n?o lhe querem raias algumas, e esses s?o os homens das theorias, que ainda nem sequer sondaram o vestíbulo da eschola do mundo real; s?o cora??es magnanimos que vêem o mundo de formosas c?res, porque o olham pelo seu pris
precal?os. A applica??o copiosa e injusta da pena, quebrou-lhe o que ella tinba de doloroso, creou uma especie de impunidade, equivalente a uma mudez profunda da opini?o. é uma faculdade natural a palavra, nos dizem: quem o nega? Tambem o usar das m?os e forcas physicas é uma faculdade natural, e comtudo n?o se segue dahi que o filho possa enforcar o pae, o pae esfolar os filhos, o vizinho apedrejar os vizinhos, nem o passageiro lan?ar fogo á minha propriedade. Tem a sociedade direito á sua felicidade e bom regimento, e cada um dos me
o corpo, porque assassina por dinheiro e sem que ninguem o obrigue a assassinar; quando um tal homem, digo, chama todos os dias o povo a applaudir o espectaculo mais immoral que ao povo se pode apresentar, e para o embrutecer de todo lhe tem perennemente aberto um circo como o dos antigos romanos, em que elle e outras féras devoram os justos, e consumam, entre risos, verdadeiros martyrios, onde está já ahi a liberdade dos cidad?os? As cousas que a lei lhes n?o prohibe, tambem lh'as n?o prohibiu mas pune-lh'as este executor da baixa injusti?a. Se foi visto conversar com o seu amigo ou com o seu conhecido, s?o dous conspiradores que tramam uma revolu??o. A casa que frequenta é por for?a um club tenebroso. Se escreve o que a sua consciencia lhe dicta, vendeu-se. Se é magistrado e teve a desgra?a de condemnar um criminoso compadre desse déspota obscuro, provocam-se contra elle os punhaes. Se pug
absoluto; e centenares de pessoas honestas deixar?o de fazer o que todas as leis divinas e humanas lhes permitiram, deixar?o até de sair de suas casas, só para
ociedade civilisada. Lemos nós com espanto o que os viajantes nos referem de países de anthropóphagos onde ha a?ougues de carne humana: n?o se espantariam esses selvagens, se lhes fossem dizer, que em nossa Europa ha lojas onde se vende todos os dias por pre?o módico o pudor dos cidad?os pequenos e grandes, reis, ministros, magistrados, plebeus, homens e mulheres, bons e maus, de todos emfim, excepto dos que fazem esse tráfico, pela unica raz?o de que n?o teem esses, nem ter?o nunca vergonha que vender? Contradictorio e incrivel é emfim esse espectaculo nas sociedades onde o que rouba, ainda que seja um len?o, o que fere, ainda que lévemente, o que na rua injuria pela palavra ainda que com raz?o, s?o presos e punidos segundo as leis. A liberdade de censurar deve portanto, nós o repetimos, come?ar onde a liberdade social de intervi
jaremos vê-la rigorosamente observada. N?o denunciamos ninguem, mas lembramos ás auctoridades encarregadas dessa parte da ordem pública, magistrados verdadeiramente liberaes e sabios, que sej
ateria elle proferiu na sess?o de 1840, da camara dos deputados. Estava em discuss?o uma proposta governamental de lei de imprensa exigindo habilita??es dispendiosas para a publica??o de jornaes politicos, e A. Herculano impugnou-a.-Classificando os abusos de imprensa em abusos contra a seguran?a do estado, a religi?o, a moral pública e a honra dos cidad?os, declarava que nenhuma dúvida teria de aprovar uma lei que definisse com clareza esses delictos e lhes applicasse penas severas, provendo tambem á organisa??o
ECHNICA E DO COL