Os fidalgos da Casa Mourisca Chronica da aldeia
mais completo de fazende
ue descreve melhor o homem; no physico, a for?a e
tumes laboriosos de tempos mais arduos. Tudo lhe corria pelas m?os, a tudo superintendia. Antes de almo?ar já elle havia passado revista á Herdade toda. No decurso do dia montava a cavallo e lá ia inspec
tendia-se até á cidade, onde o seu nome era melhor garantia em certas transac??es, do que o de muitos faustosos negociantes. Em familia, pe
ainda Thomé aos diversos trabalhos, em que
s desde a infancia se familiarisam com elle. Dá-se o mesmo que se dá com o tracto dos bois; sómente na cidade é que e
-se, ria-se e cantava-se com alma
usto; e da porta da casa, assistindo tambem áquella scena rural, a boa e sancta mulher do fazendeiro, a socia fiel nos seus prazeres e pe
r causa de muro que cahiu? Olhe, tenha paciencia, volte cá ámanh?. Hoje n?o posso olhar por isso... ó Chico Engeitado, que diabo estás tu fazendo, pateta? Deixa-me estar essas pipas. Vae-me recolher aquelle milho que eu te disse; corre... O moleiro já veio? Pois as azenhas já moem, e o homem n?o tem desculpas que dê pela demora... ó Manoel, arreda esse carro mais para o meio, sen?o n?o póde entrar o outro, homem de Deus! Disseram ao Luiz que visse como estava o milho da baixa do
ado de ordens, de consel
rompido pela voz da
é, olha que
quinteiro viera, cumprindo o que tinha dito ao irm?o, contemplar o me
do homem que f?ra seu criado. A granja era como que uma censura pungente á sua imprevidencia; era uma li??o
da Casa Mourisca, e principalmente por D. Luiz, certa deferencia e respeito,
em terrenos da Herdade, serviu-lhe para o intento. D. Luiz, sempre indifferente a litigios d'essa ordem, mostrou-se ent?o muito cioso de seu
a do homem que os trouxera ao collo e que lhes qu
ossuia bastante finura para perceber a verdadeira causa da irrita??o do f
eu lhe fa?a? assim nasc
dar signaes de estranheza, caminhou para elle com as m?os este
casa de lavrador, e em setembro n?o ha maneira de a ter asseada. ó Luiza, m
car aqui. E n?o se incommo
o tem geito. Luiza, manda ent?o a cadeira,
de perto esta lida, que por aqui vae, e que estive obse
pre me dá alegria ver aquelles meninos,
agarradas ás pernas do pae, olh
ou Jorge, afagando-as e
raz ao collo e a peque
rtha. Deve est
sa. Olhe que o meu vinho é puro e n?o faz mal de q
e?o-lhe que continue com o seu trabalho, s
d'aqui a nada vae esta gente jantar e... Para onde levas tu esse carro,
lle proprio á frente dos bois, e enca
s este anno, que é uma coisa por maior, snr. Jorge-disse elle, regr
uma cadeira para
iosidade e complacencia-e o mano como vae? Vi-o ha dias
, snr. Jorge?-pergun
ados da lavoura, a quem de quando em quando Thomé dava ordens e fazia
rdam aos fieis a ora??o do meio dia. O trabalho na eira e no quinteiro suspendeu-se como por encanto. Os homens descobriram-se a fa
am ja
ordem, e em pouco tempo ficou só e silencios
r, Thomé-disse Jorge, l
a um tempo. Deixe-se o menino estar. Eu n?o lhe offere?o do meu jantar, porque n?o
o causar i
que elles hoje trabalharam no p
tras partes do casal, Thomé obrigou Jorge
zira, quanto despendêra na construc??o do lagar, as difficuldades que encontrou na abertura da nora, o que fizera pouco productiva aquelle anno a cultura do trigo, os cuidados que lhe
pouco acostumado a vêr as pessoas da categoria de Jorge, e da idade d'elle ainda menos, inte
l de um proprietario. Havia n'ellas uma precis?o, uma minuciosidade; acompanhavam-n'as reflex?es t?o acertadas, duvidas t?o racionaes,
va Thomé, que proseguia co
r uma propriedade como aquella no ponto de cultura em que estava
mentos; por isso deu com a melhor vontade
e terminou com um suspiro, disse, como a medo, e desviando a cabe
que nos pertencem est?o cheios
le um olhar penetrante. Porque o fazendeiro tinha ás vezes u
rge?-perguntou elle logo depois, com
ro,
egr?o de Villar de Corvos, o fidalgo da Cas
gadoramente para Th
e, até hoje, o menino n?o me perguntava depois porque os seus campos est?o cheios de serralha e de saramagos. Trabalhei muito, snr. Jorge, n?o é só com agua que se regam estas terras para as ter no ponto em que as vê; é com o suor do rosto de um homem. é preciso
aram muito com a lavoura; passaram a vida quasi toda na c?rte e nas embaixadas, e raras vezes visitaram as sua
e amanh? ser?o os meninos. Isto é como uma pessoa robusta que leva vida extravagante. Emquanto é nova e tem muitas for?as, n?o dá por as que perde e julga que nada l
ilegiadas podiam entregar-se sem receio a uma vida de incuria e de dissipa??o, porque os privilegios velavam por ellas e remedia
interlocutor, interrompeu-as subitamente, e apontando para a Ca
sivel sustentar aquel
iu com uma express?
omem de trabalho, que possa disp?r d'alguns
llas arvores-observou Jorge, olhando com tristeza para o seu m
ue tambem lhes tenho affei??o, áquelle arvoredo e áquellas paredes negras, porque alli passei um tempo... mau era elle de certo... mas emfi
amargura e quasi de ironia, quando, depois d'esta resp
á familia de um lavrador abastado, para vêres reparados os teus muros, e cultivados esses campos ma
ta express?o d'estas palavr
paes, que Deus inspire um dos teus donos, para que olhe por se
pobres vêem ás vezes morrer um doente, por
livre-se da praga dos seus mordomos e procuradores, deixe o padre dizer missas, mal ou bem, conforme puder, porque isso é lá com Deus e elle, fa?a tudo isto e os capitaes n?o lhe faltar?o. O homem
Thomé?-perguntou Jorge, mas s
m condi??es de poder por elle alliviar-se um homem de dividas mais pesadas e de credores mal intencionados, e resgatar e melhorar a propriedade. Ha muito que a sua casa vive d'isso, mas a taes portas tem ido bater e t?o mau uso tem feito do
arantias a offerecer, o emprestimo é be
probidade?... Sabe que mais? Eu sempre lhe vou contar a
sombra da ramada que toldava a nora, na
dinheirito, que juntára, em arrendar um casebre e uma horta, da qual, lidando do romper do dia até á noite, tirava quando muito o p
m s
mo, mas pagando pontualmente o nosso aluguel e sem ficar a dever nada na tenda. O meu senhorio era um homem muito rico e muito de bem. Deus
ho uma ide
idade. Foi uma coisa de fazer dó. Nem gota de agua, as fontes sêcas, as levadas enxutas, os moinhos parados, e os lavradores a agarrarem as
o mesmo a si
era coisa que chegasse. Como ha de ser, como n?o ha de ser, eis que a minha Luiza, que sempre foi boa companheira, me diz: ?N?o te afflijas, homem; ahi v?o as minhas arrecadas, pega?, e atirou-m'as para cima dos cruzados. Lá me custav
e
eiro, que me puz a contar e a encastellar. O homem estava calado a vêr aquillo. Quando cheguei ao fim olhou para mim d'uma certa maneira e disse-me: ?Ent?o está ahi tudo?? Está, sim senhor, v. s.a n?o viu? ?E você quer-me dar tanta coisa?? D'esta vez fui eu que me puz a olhar para elle admirado. ?Ent?o n?o é este o pre?o ajustado no arrendamento?? ?é celebre, disse o snr. doutor abanando a cabe?a, é o primeiro rendeiro
amou Jorge commov
cont
ocê é trabalhador, que isso tenho eu visto por a maneira porque me traz bem aproveitado o campito qu
a elle diz
ue arranjou credito, que vale por um capital enorme. O que você fez, mostr
e?-perguntou Jorge, c
e a quinta das Barrocas? aquillo é um condado, se póde dizer. Como havia eu de arrendal-a, Sancto Deus! Elle, conhecendo o meu espanto, acudiu logo: ?N?o lhe pare?a isso uma coisa por ahi além. Nós ajustamos a renda e você vae tomar conta d'aquillo. A quinta está bem educada e nutrida, e estou certo de que n?o o deixará ficar mal no fim do anno.? ?Mas, disse-lhe eu, v. s.a bem vê que uma pe?a d'a
um grande philosop
s para instrumentos, gado, adubos, jornaleiros e algumas obras, eu lh'os adiant
Thomé
ra??o de aveia que lhe furtares da mangedoura é a que mais cara te sahe.? Mais tarde, quando eu, com a ajuda de Deus, já ia, além de pagar as minhas dividas a pouco e pouco, juntando algum peculio no canto da caixa, foi elle que me disse: ?N?o abafes o dinheiro, Thomé. P?e-n'o ao ar para elle se n?o estragar; tudo quer ar n'este mundo.? E ahi me animei eu, ao principio com mêdo, que fui perdendo depois, a dar emprego ás minhas economias; e era um gosto vêr como ellas augmentavam. Passados annos eram taes, que já eu pensava em
nal sempr
doutor ajudou-me mais uma vez, e a propriedade passou para as minhas m?os. Ent?o trabalhei mais do que nunca. Todo o meu empenho era remir depressa a minha divida, porque, emquanto o n?o fizesse, parecia-me que n?o podia chamar ainda
de Thomé da Povoa de um clar?o de enthusiasmo e com as faces c
e pertencia. Vae rir-se, se eu lhe disser o que fiz. Eu abracei estas arvores, eu bati palmadas n'estes muros, lavei-me n'esses tanques todos, bebi agua d'essas fontes, deitei-me á sombra d'essas arvores, eu cantei, eu saltei, eu chorei, e a final.... quer que lhe diga? N?o tive m?o em mim que n?o ajoelhasse para beijar esta terra! beijei, sim, beijei esta terra, que eu ganhára á custa de muito trabalho, de muito suor e de nenhuma vileza. Tinha orgulho, e tenho-o, em me lembrar de que tudo isto me viera de eu ser honrado e amigo de cumprir a minha palavra. Eu n?o me recordo de ter um contentamento assim na minha vida, a n?o ser no dia em que estreitei nos bra?os a Luiza, e que tambem pela primeira vez lhe cha
?o a Thomé, dizend
r a rninha ultima divida para depois chamar meu ao que me pertence. E n'esse dia eu tambem abra?aria com enthusiasmo aquellas velhas arvo
que se tracta do bem de sua casa, do seu futuro e da sua dignidade. é preciso que o pae lhe dê licen?a
grande, Thomé, porque meu pae ainda vê em mim um
oa n?o o dei
padre, e eu lhe prometto que o mais se fará. Eu n?o exijo mais garantias para o meu dinheiro, do que um escripto seu, snr. Jorge. Demais, como a sua experiencia é pouca, eu, se m'o permi
finalmente c
asa da ruina me dará coragem. Aceito, porque tenho fé em que me
a n'aquella triste casa. N?o é verdade que se diz que ha lá um
nciou n'este momento ao marido
ran?as e de commo??o, que lhe estava já causando a
ito uma boa ac??o e realisado uma ideia, com
o que de costume; e depois de ja
lle momento a su