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A Cidade e as Serras

Chapter 4 4

Word Count: 6270    |    Released on: 30/11/2017

iamos ambos da Opera, quando Jacintho, b

fes

n-Duque reclamou uma ceia. é um barbaro, besuntado com litteratura do seculo XVIII, que ainda acredita em ceias, em Paris! Reuno no domingo tre

endo todos os gostos desde o tragico até ao picaro. Depois no domingo, ao entardecer, ambos visitamos a mesa da ceia, que resplandecia com as velhas baixellas de D. Gali?o. E a faustosa profus?o de orchideas, em longas sylvas por sobre a toalha bordada a sêda, enroladas aos fructeiros de Saxe, trasbordando de crystaes lavrados e filagranados d'ouro, espalhava uma t?o fina se

ganindo um Aqui d'Elrei! que tresandava a Gui?es. Jacintho em cima berrava, com o manícuro agarrado ás pyjamas. E de novo, como serva ralassa que recolhe arrastando as chinellas, a luz resurgiu com lentid?o. Mas o meu Principe, que descera, enfiado, mandou buscar um engenheiro á Companhia Central da Electricidade Domestica. Por precau??o outro creado correu á mercearia comprar pacotes de velas. E o Grillo desenterrava já dos

guejada o encontrei cahido por traz da cama!), todo o 202 refulgia, e os Tziganes, na antecamara, sacudindo as guedelhas, atiravam as arcadas d'uma vals

deante do Microphono, como melodias superiores, os commentarios que o meu Jacintho ia atabalhoando com uma amabilidade penosa. E ante cada roda, cada mola, eram pasmos, louvores finamente torneados, em que attribuia a Jacintho, com astuta candura, todas aquellas inven??es do Saber! Os utensilios misteriosos que atulhavam a mesa d'ebano foram para ella uma inicia??o que a enlevou. Oh, o ?numerador de paginas?! oh, o ?collador d'estampilhas?! A caricia demorada dos seus dedos seccos aquecia os metaes. E supplicava os endere?os dos fabricantes para se prover de todas aquellas utilidades adoraveis! Como a vida, assim apetrechada, se tornava escorregadia e facil! Mas era necessario o talento, o gosto de Jacintho, para escolher, para ?crear!? E n?o só ao meu amigo (que o recebia com resig

tho a

N?o! E

a nenhuma disserta??o do meu Principe! N'aquelle gabinete de sumptuosa Mechanica ella sómente se occupára em exercer, com prove

ico revirou os o

epois como se janta bem em casa d'ella! Que café!... Mul

ve na sua m?o illustre, rutilante de anneis, com for?a e com gula, a minha grossa palma serrana. Todos aquelles senhores, com effeito, celebravam o seu Romance, a Coura?a, lan?ado n'essa semana entre gritinhos de g?zo e um quente rumor de saias alvoro?adas. Um sobretudo, com uma vasta cabe?a arranjada á Van Dick e que parecia posti?a, proclamava, al?ado na pont

que dissecára todas aquellas almas da Coura?a com ?algum cuidado?, sobre documentos, sobre peda?os de vida ainda quentes, ainda a sangrar..

o t?o profundamente estudado ha um

amente, atirára a

er

assim preto, de setim, apparecia na bella pagina de analyse e paix?o em que ella se despia no quarto de Ruy d'Alize. E Marizac, sempre com as m?os nos bolsos, mais grave, appellava para a

d'alma dolorida-se p?em em collete e saia branca!... De resto o director do Boulevard condemnára logo sem piedade, com uma experiencia firme, aquelle collete, só possivel n'alguma mercieira

ó se estivesse de lu

ondo que elle nunca vira uma duqueza desatacar o collete na sua alcova de Psychologo! Ent?o, passando o len?o sobr

rmonia com o estado da alma da duqueza devia ser lilaz, talvez c?r de reseda muito desmaiada, com um frouxo de rendas anti

s?o. F?ra um engano de artista, que trabalha na febre, vasculhando as almas, perdido nas profundidades negras das a

horas! Fazemos uma interview, fixamos a c?r. Evidentemente é lilaz... Mande um dos seus homens, meu caro mestre! é tambe

s Santos Padres. E eu abalei, vendo ao fundo da Bibliothec

aldas da Birmania, medonha empreza em que scintillavam milh?es, e para que os dous confederados de bolsa e d'alc?va, desde o come?o do anno, pediam o nome, a influencia, o dinheiro de Jacintho. Elle resistira, n'um enfado dos negocios, desconfiado d'aquellas esmeraldas soterradas n'um valle da Asia. E agora o conde de Treves, um homem esgrouviado, de face rechupada, erri?ada de barba rala, sob uma fr

rte, de progresso, que deve ser feito

barba, mais frisada e negra que a d'um Rei Assyrio, affian?ava o triumpho da empr

anzia o nar

itos os estudos? Já se p

idade exaspe

esmeraldas!... Ha sempre esmera

o, um dos familiares do 202, Todelle (Antonio de Todelle), mo?o já calvo, d'infinitas prendas, que conduzi

Já cá está

da n?o chegára. E

No sophá... Es

O

... Cahiu d

logo int

Todelle anda já

applicou mais, no velocipede do padre Ernesto, do cura de S. J

melhor sitio!? Mas Todelle nem o escutára, correndo para o director do Boulevard, que se avan?ava, lento e barrigu

um immenso charuto. Ao pé d'elle, também sentado, um velho que eu nunca encontrára no 202, esbelto, de cabellos brancos em anneis passados por traz das orelhas, a face coberta de pó de arroz, um bigodinho muito negro e arrebitado, findára certamente alguma historia de bom e grosso sal-porque deante do divan, de pé, Joban, o suprèmo Critico de Theatro, ria com a calva escarlate de g?so,

Todos aqui conhecem Madame Noredal. Mad

intho com alarido. Eram as senhoras que desejavam ouvir no Phonographo uma

t?o em confus?o. Além d'isso o Phonographo trabal

Canto eu a Pauvre fille... é mais de

'Oriol, com quem riam, n'uma familiaridade superior e facil, Marizac (o duque de Marizac) e um mo?o de barba c?r de milho e mais leve que uma penugem, que se balou?ava gracilmente sobre os pés, como uma espiga ao vento. E eu, encalhado contra o piano, esfregava lentamente as m?os, amassando o meu embara?o, quando Madame Verghane se ergueu do sophá onde conversava com um velho (que tinha a Gran-Cruz de Santo André), e avan?ou, deslizou no tapete, pequena e nedia, na sua copiosa cauda de velludo verde-negro. T?o fina era

que vem, c

, minha senhora

o pe

rcadas triumphaes, a marcha de Rakoczy. Era elle! N

o Gran-Duqu

melhor a magnificencia eburnea. E o homem do Boulevard, o velho da Gran-Cruz, Ephraim

balan?o lento sobre os pés pequeninos, cal?ados de sapatos rasos, quasi sumidos sob as pantalonas muito largas. Depois, pesado e risonho, veio apertar

parado pela receit

acintho tranquil

deploravelmente em casa do Joseph. Mas porque se vai jantar ainda ao Joseph? Sempre que chego a Paris, pergunto: ?Onde é que se janta

um azul sujo, rebrilhavam,

s as suas superioridades.

e se conservavam nobres tradi??es. E o director do Boulevard, que se empurrava todo para S. Alteza,

todavia...-com

Duque. Mas os Borgonhas s?o t?o m

ca, foi saudar Madame d'Oriol, que toda ella faiscou, no sorriso, nos olhos, nas joias, em cada préga das suas sêdas c?r de salm?o. Mas apenas a clara e macia creat

com o Alcazar?.

nte, meu

eia! Era justamente a essa hora que ella cantava, no ultimo acto da Revista Electrica...-Collou ás orelhas os dous

lla! Venham todos! Princeza de Carm

pressaram a acercar submissamente um receptor do ouvido, e a permanecer immoveis para saborear Les Casquettes. E no sal?o c?r de rosa murcha

'uma medita??o de monge obeso. O historiador dos Duques d'Anjou, com o ?receptor? na ponta delicada dos dedos, erguendo o nariz agudo e triste, gravemente cumpria um dever palaciano. Madame d'Oriol sorria, toda languida, como se o fio lhe murmurasse do?uras. Para desentorpecer arrisquei um passo timido. Mas cahiu logo sobre mim um chut severo do Gran-Duque! Recuei para entre as cortinas da janella, a ab

, cingidos aos canos das fezes,-pensei na minha aldeia adormecida. O crescente de lua, que, seguido d'uma estrellinha, corria entre nuvens sobre os telhados e as chaminés negras dos Campos-Elyse

senhoras

o é a Gi

dos h

um cor

s?o p

é o

omo me encontrei descendo por uma quelha, sob as ramadas, com o meu varapau ao hombro? E sentia, entre a sêda das cortinas, n'um fino

idos, nem das sombras. Era o Gran-Duque que

s! E um zumbido! Que massada!...

casqu

asque-e-

erte deliciosa. E o mordomo bemdito, abri

gneur e

nnugem loura que balou?ava como uma espiga ao vento. Depois de desdobrar o guardanapo, de o accomodar regaladamente sobre os joelhos, Dornan

era casa do Jacintho, de

??o methodica, os longos, densos fios do bigode que lhe cobriam a bocca grossa. Os escudeiros serviram um consommé frio c

falta aqui um g

e veneno: e muito delicadamente offertára a fl?r monstruosa a Madame d'Oriol, que, com trinado riso, solemnemente, a collocou no seio. Collado áquella carne macia, d'uma brancura de nata fina, o lacrau inchára, mais verde, com as azas frementes. Todos os olhos se accendiam, se cravavam no lindo peito, a que a fl?r disforme, de c?r ven

ancas seccas, e apost

sua estranha mágoa. N?o possuirmos um general

, meu car

suave em que todos os

?res de Civilisac?o, com um Gran-Duque no meio. Imagine uma bomba de dy

seria aniquillar a Civilisa??o. Nem a sciencia, nem as artes, nem o dinheiro, nem o amor, podiam já dar um gosto intenso e real

rando que em torno, subitamente, todo o servi?o estacára como no conto do Palacio Petrificado. E o prato agora devido era o peixe famoso da D

e senhora, livida, com a amazona arrega?ada, corre para traz d'uma pedra... Mas nunca soubemos em que se occupava a banqueira, n'esse descampado, agachada atraz da pedra-porque justamente o mordomo appareceu, relusente de suor, e

os, ha uma

ulou na

og

que inesperadamente, ao subir o peixe de S. Alt

danapo. Toda a sua polidez est

e estamos nós aqui ent?o a cear? Que estupidez! E porque o n?o tro

ra colera de Principe. Jacintho seguiu, como uma sombra, levado na rajada de S. Alteza. E eu n?o me contive, tambem

eva, sobre uma larga prancha, o peixe precioso alvejava, deitado na travessa, ainda fumegando, entre rodellas de lim?o. Jacintho, branco como a gravata, torturava desesperadamente a mola comp

u, psychologou, attribuindo inten??es sagazes ao peixe que assim se recusava. E a cada um o Gran-Duque, escarlate, mostrava com dedo tragico, no fundo da cova, o seu peixe! Todos afundavam a face, murmuravam: ?lá está!? Todelle, na sua precipita??o, quasi se despenhou. O periquito descendente de Colyg

Todelle te

ples... é pe

ejando que as senhoras se sentassem para assistir á pesca miraculosa! Elle mesmo seria o pescador! Nem se necessitava, para a divertida fa?anha, mais que uma bengala, uma guita e um gancho. Immediatamente Madame d'Oriol,

E os senhores mais graves, o Historiador, o director do Boulevard, o Conde de Treves, o homem de cabe?a á Van-Dick, sorriam, amontoados á porta, n'um interesse reverente pela phantasia de S. Alteza. Madame de Treves, essa

alde! O gancho, pouco agudo, sem presa, bambolea

. Mais!... Agora! Agora! é na guelra! Só na guelra é que o

ra possivel! Só carpinteiros, com alavancas!... E tod

ara a mesa, ao som d'uma valsa de Strauss, que os Tziganes arreme?aram em arcadas de languido ard?r. Só Madame de Treves se demorou ainda, retendo o me

avam como um pescador genial. E os escudeiros serviram o Bar?o de Pauillac, cordeiro das lezirias marinh

, o seu soneto sublime a ?Santa Clara?. E como, do outro lado, o mo?o de pennugem loura insistia pela destrui??o do velho mundo, tambem concordei, e, sorvendo o Champagne coalhado em sorvete, maldissemos o Seculo, a Civilisa??o, todos os orgulhos da Sciencia!

al firme nos pés pequeninos, sem acertar com as mangas da pelissa que Jacintho e eu lhe ajudamos

bella pesca, quero que ell

s, pela vasta escada onde o mordomo o precedia erguendo

ho! O Bar?o de Pauillac, divino!... Creio que o devemos nomear Duque... O Senhor Duque de Pauillac!

coupé, ao roda

ha o peixe! Excellente, ao a

leza de Champagne e somno em que os olhos s

umptuosa mulher, a Verghane

som cavo que er

ada! E tu

ue os peritos dir?o? (como exclamava na sua carta angustiada o procurador Silverio), um peda?o de monte, que se avan?ava em socalco sobre o valle da Carri?a, desabára, arrastando a velha egreja, uma egrejinha rustica do seculo XVI, onde jaziam sepultados os avós de Jacintho

te ruia! Esses jazigos de paz piedosa, precipitados com fragor, na borrasca e na treva, para um negro fundo d

anha, coisa

legoas da nossa casa, no antigo caminho de Gui?es á esta??o e ao rio. O caseiro de Tormes, o bom Melchior, era cunhado do nosso feitor da Roqueirinha:-e muitas vezes, depo

Fernandes?... En

ada, toda negra, onde ha muitos annos vivia uma famili

rmurava ainda o meu

ssadas, reedificasse a Egreja, e, para esta obra de piedade e rever

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