A Cidade e as Serras
o de Primavera ainda timido-Jacintho assomou á porta do meu quarto, revestido de flanellas leves, d'uma alvura de a?ucena. Parou lentamente á
s, vou parti
abalou o rijo leito de pa
Jacintho, quem
entura tirou da algibeira uma carta, e encetou est
em communicar a v. exc.a que por toda esta sema
lverio?
, podem pois ser em breve trasladados da egreja de S. José, onde têm estado depositados por bondade do nosso Abbade, que muito se
ra?os, comp
s ir assistir á
umiu a car
este 202 está cheio d'elle; tu estás deitado na cama d'elle; eu ainda uso o relogio d'elle. N?o posso abandonar ao Silverio e aos caseiros o cuidado de o installare
ellas, apertava os
acintho, que a casa de T
em mim os ol
nha,
nnos, dormem em catres, comem o caldo á lareira, e usam as salas para seccar o milho. Creio que os un
u, com um gesto rendido em q
stofador de Lisboa vae depois forrar e disfar?ar algum buraco... Levamos livros, uma machina para fabricar gelo... E é mesmo uma occasi?o de p?r emfim n
ivamente um cigarro; e n?o se arredou do toucador, considerando o meu preparo com uma atten??o triste
andes, entendes que é um dever,
saboada para encarar com div
ceu a ideia d'esse dever! E honra te seja
o velho leito de D. Gali?o, n'um balan?o vago, como barco já desamarrado do seu seguro ancoradouro, e sem rumo no mar incerto. Depois encalhou sobre a mesa on
lo e sem energia, a ra?a fortissima dos Jacinthos! Esses guedelhudos Jacinth?es, que nas suas altas terras de Tormes, de volta de bater o moiro no Salado ou o castelhano em Valverde, nem mesmo despiam as fuscas armaduras para lavrar as suas chans e amarrar a vide ao olmo,
uem é esta lavradei
elle erguera d'entre a minha galeria, no s
is de respeito, cavalheiro!... é minha prima Jo
meu Principe. é a casa do C
era na Fl?r da Rosa, no Alemtejo... Essa tua
s dedos molles-que levou á face, no seu gesto horrendo de palpar atravez da face a
ra as serras!... E agora nem reflex?o,
r gritou pelo Grillo, com uma larga e a?odada voz que eu nunca lhe conhecera, e me lembrou a d'um Chef
ilverio mandando caiar, assoalhar, envidra?ar o casar?o. E depois do almo?o appareceu na Bibliotheca, chamado violenta
na botoeira uma roseta multicor resumindo as suas condecora??es exoticas de Madagascar, de Nicaragua, da Persia, outras ainda, que provavam a universalidade dos seus servi?os. Apen
rfeitamente!
tos d'uma serra de Portugal e com todos os seus velhos solares. Já elle atirára a carteira para o bolso... E ?nós, seus caros senhores, n?o tinhamos sen?o a enca
Salamanca... Perfeitamente! Tormes... Muito pittores
sahiu da Bibliotheca, com passos que devoravam le
e promptid?o, que facilidade!... Em Portu
asar?o medieval de 1410 comportava os tremós romanticos de 1830. De todos os armazens de Paris chegavam cada manh? fardos, caixas, temerosos embrulhos que os emmaladores desfaziam, atulhando os corredores de montes de palha e de papel pardo, onde os nossos passos a?odados se enrodilhavam. O cozinheiro, esbaforido, organisava a remessa de fornalhas, geleiras, bocaes
?o estendido, saboreava aquella
... Sahimos do 202, chegamos á serra,
, e corria ao Bosque, e saudava a barba talmudica do Ephraim, e os bandós furiosamente negros da Verghane, e o Psychologo de fiacre, e a condessa de Trèves na sua nova caleche de oito-molas fornecida pelas opera??es conjunctas da Bolsa e da alc?va. Depois arrebanhava amigos para jantares de surpreza no Voisin ou no Bignon, onde desdobrava o guardanapo com a impacien
Suabia, deslumbrou, no baile mascarado da Princesa de Cravon-Rogan (onde tambem fui, de ?mo?o de forcado?.) E na Associa??o para
mes interrompessem a illimitada accumula??o das no??es-porque uma manh? rompeu pelo meu quarto, desolado, gritando que entre tantos confortos e fórmas de Civilisa??o esqueceramos os livros! Assim era-e que vexame para a nossa Intellectualidade! Mas que livros escolher entre os facundos milhares sob que vergava o 202? O meu Principe decidiu logo dedicar os seus dias serranos ao
s os sophás rangeram sob o peso do corpo que elle lhe atirava para cima, mortalmente vencido pela fartura e pelo tedio, n'um desejo de repouso eterno, bem envolto de solid?o e silencio. Desesperei. O que! Aturaria eu ainda aquelle Principe palpando amargamente a caveira, e, quando o crepusculo entristecia a Biblioth
e cousas! Os ossos de teus avós pedem repouso, em cova sua!... A caminho, a enterrar esses
urgiu lentamente d
parado... Já lá temos certamente creados, o cosinheiro de Lisboa... Eu só levo o Grillo
para o tapete,
o Sabbado!... Av
a banheira de borracha. Jacintho, indeciso, suspirava... Mas nada o aterrou como o trasbordo em Medina del Campo, de noite, nas trevas da Velha Castella. Debalde a Companhia do Norte de Hespanha e a de Salamanca, por cartas, por telegrammas, socegaram o meu camarada, affirmando que, quando elle chegasse no comboio de Irun dentro do seu sal?o, já outro sal?o ligado ao comboio de Portugal esperaria, bem aquecido, bem allumiado, com uma ceia que lhe offertava um dos Directores, D. Esteban Castillo, ruidoso e rubicundo conviva do 202! Jacintho corría os dedos anciosos
. E eu acabava de guardar na mala, embrulhadas em papel pardo, as photographias das creaturinhas suaves que, n'esses vinte e sete mezes de Paris, me tin
Bosque, po
ellas novas, onde pousavam, com balan?o esbelto, as amazonas espartilhadas pelo grande Redfern. Em frente ao Pavilh?o de Armenonville cruzamos Madame de Trèves, que nos envolveu ambos na caricia do seu sorriso, mais avivado áquella hora pelo vermelh?o ainda humido. Logo atraz a barba talmudica de Ephraim negrejou, fresca tambem da brilhantine da manh?, no alto d'um phaeton tilintante. Outros amigos de Jacintho circulavam nas Acacias-e as m?os que lhe acenavam, lentas e affaveis, cal?avam luvas frescas c?r de palha, c?r de perola, c?r de lilaz. Todelle relampejou rente de nós sobre uma grande bycicleta. Dornan, alastrado n'uma cadeira de ferro, sob um espinheiro em fl?r, mamava o seu immenso charuto, como perdido na busca de rimas sensuaes e nedias. Adeante foi o Psychologo, que nos n?o avistou, conversando com um requebro melancolico para dentro d'um coupé que rescendia a alcova, e a que um cocheiro obeso imprimia dignidade e decencia. E rolavamos ainda, quando o Duque de Marizac, a cavallo, ergueu a bengala, estacou a nossa vittoriasilencio enrugado em que se abysmára, com os bra?os rigidamente cruzados, como remoendo pen
rave, deix
gia sob a carga de vinte e tres malas. Na Esta??o, Jacintho ainda comprou todos os Jornaes, todas as Illustra??es, Horarios, mais livros, e um saca-rolhas de fórma complicada e hostil. Guiados pelo Chefe do Trafico, pelo Secretario da Companhia, occupamos copiosamente o nosso sal?o
tura, Zé
-e só acordei em Bordeus quando Grillo, zeloso, nos trouxe o nosso chocolate. Fóra, uma chuva miudinha pingava mollemente d'um espesso ceu de algod?o sujo. Jacintho n?o se deitára, d
r!... E ago
observamos com um
iarr
e, o facundo homem, vestido de xadrezinho, ao lado d'uma dama roli?a que levava pela trella uma cadellinha felpuda. Jacintho baixou a vidra?a violent
ermo da vida facil, os abrolhos da Inciv
s, come?a a
saltei para diante do meu Principe, e n'um saracoteio de tremend
erta de
Soleda...
u os bra?os,
em piedade do en
! Iru
tallaram n'outro sal?o, novo, com setins c?r d'azeitona, mas t?o pequeno que uma rica por??o dos nossos confortos em mantas, livros, saccos e impermeaveis, passou para o compartim
a nas terras do seu desterro! Um momento veio em que, arremessando o livro, enterrando mais o chapéo molle, se ergueu com tanta decis?o, que receei detivesse o comboio para saltar á estrada, correr atravez das Vascongadas e da Navarra, para traz, para o 202! Sacudi o meu torp?r, exclamei:-?oh menino!...? N?o! O pobre amigo ia apenas continuar o seu tedio pa
é Fernandes? Tudo negro, enorme s
nterna lampejou, correndo. Jacintho batia o pé:-?é medonho! é medonho!?... Entreabri a portinhola. Da claridade incerta das vidra?as surdiam cabe?as esticadas, assustadas.-?Que hay? Que hay??-A uma ra
oleado todo a escorrer, trepou ao sal?o:-e por elle soubemos, emquanto carimbava apressadamente
ent
e o trem de Salamanca tivesse abalado? O sal?o, tomado até Medina, desengatava em Medina:-e eis os nossos preciosos corpos, com as nossas precio
ndes, uma noi
negrura, na esperan?a de avistar as luzes de Medina e um comboio paciente fumegando... Depois recahia no divan, limpava os bigodes e os olhos, maldizia a Hespanha. O trem arquejava, rompendo o vasto vento da planura desolada. E a cada apito era um alvoro?o. Medina?... N?o! Algum sumido apeadeiro, onde o trem se atardava, esfalfado, resfolga
tas, uma hora cheia de eternidade.-Um silvo, outro silvo!... Luzes mais fortes, longe, palpitaram na neblina. As rodas trilharam, com rijos solavancos, os encontros de carris. Emfim, Medina!... Um muro sujo de
nto, caballeros! Que
da capa á hespanhola, enfiamos outra portinhola, que se fechou com um estalo tremendo... Ambos arquejavamos. Era um sal?o forrado de um panno verde que comia a luz escassa. E eu estendia o bra?o, par
nossas mantas!... P'ra aq
vo o descampado tenebroso, sob a chuva despenhada. J
ó em Hespanha!... E agora? As malas per
eu desgra?
lo fiscalisou. Mas na pressa, naturalmente, atirou com tudo para o seu compartimento.
ossa ceia, mostrando na tampa um bilhete de D. Esteban com estas doces palavras a lapis-á D. Jacintho y su egregio amigo, que les dè gusto! F
fome J
r, furor, rancor!
e abertas. Quando cahi sobre a travesseira, sem gravata, em ceroulas, já o meu Principe, que n?o
na claridadezinha da manh?, coada pelas cortinas verdes, uma
da a declarar?... N?o
Murmurei baixinho c
lo Grillo... Ahi atraz, n'um compartimento..
ormeci com o pensamento em Gui?es, onde a tia Vicencia, atarefada,
o de limos dormia sob duas mimosas em fl?r que rescendiam. Um mo?o pallido, de paletot c?r de mel, vergando a bengalinha contra o ch?o, contemplava pensativamente o comboio. Agachada rente á grade da
lentamente
m, que estás
cofiou o bigode, e veio sem pressa, á vid
ugal, hein?..
que cheira
descan?o, como se passeasse para seu regalo sobre as duas f
alargava os b
a, nem uma gotta d'agoa de Colon
po de chamar o Grillo, rehaver os
ada entre um laranjal maduro. Pelo rio, onde a agoa turva e tarda nem se quebrava contra as rochas, descia, com a vela cheia, um barco lento carregado de pipas. Para além, outros socalcos, d'um verde pallido de
, tem grandeza. Mas agora é que e
solar historico, assim abandonado e vasio! Que delicia, por aquella manh? t?o lustrosa e tepida, subir á serra, encontrar a sua casa bem apetrechada, bem civilisada... Para o animar, lembrei que com as obras do Silverio, tantos caixotes de Civilisa??o remettidos de Paris, Tormes estaria confortavel mesmo para Epicuro. Oh! mas Jacin
hora... Come com tranquillidade. N?o escangalhemos este almoci
quando acabamos as perdizes, e Jacintho confiadamente desembrulhava um queijo manchego, sem que Grillo ou Anatole comparecessem, eu, inquieto, corri á portin
em uma escova... E eu que queria mudar
duas horas estamos na Esta??o de Tormes... Tambem n?o valia a pena mudar de camisa para sub
s sophás, saboreando os dois charutos que nos restavam, com as vidra?as abertas ao ar ado
po leva
ro, o excellente Melchior, para que o Senhor de Tormes, solemnemente, tomasse posse do seu
sorria,
eiro portuguez, classico. Mas que soubesse trufar um perú, afogar um bife em molho de moella, est
Mas volto. Em duas semanas estou em Tormes, para fazermos um
estendera
uelle, além no ou
... Tormes era n'esse feitio atarracado e massi
ê, da esta??
, n'uma prega da se
casa ancestral. Mirava o relogio, impaciente. Ainda trinta minutos! Dep
?ura, q
eia, estamos a
eu emfim, clara e simples, á beira do rio, entre rochas, com os seus vistosos girasoes enchendo um jardimsinho breve, as duas altas figueiras assombreando o pateo, e por traz a serra coberta de velho e denso arvoredo... Log
legremente. A bojuda massa do Pim
migo Zé F
lo Pime
hor de Tormes. E
inha... N?o está
que partiu para Castello de Vide, vêr
intho um olh
iro?... Pois n?o est?o ahi os c
com surpreza as sobra
allos... O Melchior... Ha que
o, n?o avistando em torno, na lisa e despovoada Esta??o, nem creado
lo? as ba
a do comboio, berr
rillo!... Anatol
tos, espavorindo a gente quieta com o mesmo berro que retumbava:-?Grillo, estás ahi, Grillo??-Já d'uma terceira-classe, onde uma viola re
ta til
, n?o deixes largar o comboio
nossas vinte e trez malas! Apenas encontramos barris, cestos de vime, latas de azeite, um
n?o posso atraz
alado e deserto. Alli ficavamos pois baldeados, perdidos na serra, sem Grillo, sem procurador, sem caseiro, sem cavallos, sem
le amigo o atarantado trasfêgo em Medina sob a borrasca, o Grillo desgarrado, encalha
nho este Jornal do Commercio.
a! murmurava o Pimenta,
a quinta, á pata... A n?o ser q
sto Pimentinha, com as m?os nas algibeiras, n?o cessava de nos contemplar, de murmurar:-?é de arrelia?.-O rio defronte descia, pregui?oso e como adormentado sob a calma já pesada de maio, abra?ando, sem um sussurro, uma larga ilhota de pedra que rebrilhava. Para além a serra crescia em corcovas doces, com um
m ahi os bichos!... Só o que n?o cal
miga do Pimentinha. Eu cedi a egua ao senhor de Tormes. E come?amos a trepar o caminho, que n?o se alisára nem se desbravára desde os tempos em que o trilhavam, com rudes sapat?es ferrados, cortando de rio a monte, os Jacinthos do seculo XIV! Logo depois de atraves
seu ventre polido pelo vento e pelo sol; outras, vestidas de lichen e de silvados floridos, avan?avam como pr?as de galeras enfeitadas: e, d'entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgára, todo amachucado e torto, espreitava pelos postigos negros, sob as desgrenhadas farripas de verdura, que o vento lhe semeára nas telhas. Por toda a parte a agua sussurrante, a agua fecundante... Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, d'entre as patas da egua e do burro; grossos ribeiros a?odados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios direitos e luzidios como cordas de prata vibravam e faiscavam das alturas aos barrancos; e muita fonte, posta á beira de veredas, jorrava por uma bica, beneficamente, á espera dos homens e dos gados... Todo
e, na sua egua
bel
burro de Sanc
bel
duras. Todos os vidros d'uma casa velha, com a sua cruz no topo, refulgiram hospitaleiramente quando nós passamos. Muito tempo um melro nos seguia, de azinheiro a olmo, assobiando os nossos
de secular granito, que o musgo retocava e mais envelhecia. Dentro já os c?es ladravam com furor. E quando Jacintho, na sua suada egua, e eu atraz, no burro de Sancho, transpozemos o limiar solarengo, desceu para nós, do alto do alpendre, pela escadaria de pedra gasta, um homem nedio, rapado como um padre, sem collete, sem jaleca, acalmando os c?es que se encar
tissimo nome de D
(Elle dizia sua incellencia)... O snr. Silverio estava para Castello de Vide desde mar?o, com a m?e, que apanhára uma cornada na virilha. E de certo houvera engano, cartas perdidas... Porque o snr. Silverio só contava com s. exc.a
ma colera tumultuosa que o su
es, mandados de Paris, em f
xotes?! Nada chegára, nada apparecera!... E na sua perturba??o mirava pelas arcadas do
a, Zé F
i os h
s cavallos! O melhor é vêr o casar?o, comer a boa gallinha que o nosso amigo Melchior nos assa no
cou, com uma d
baixo, para a esta??o!..
tho nas salas nobres, que elle contemplava com um murmurio de horror. Eram enormes, d'uma sonoridade de casa capitular, com os grossos muros ennegrecidos pelo tempo e o abandono, e regeladas, desoladamente núas, conservando apenas aos cantos algum monte de canastras ou alguma enxada entre
cintho surdamente. Um
osqueavam os velhissimos tectos de rico carvalho sombrio. As paredes repelliam pela alvura crúa da cal f
mercio que nos era commum. Através das janellas escancaradas, sem vidra?as, o grande ar da serra entrava e circulava como n'um eirado, com um cheiro fresco d'horta regada. Mas o que avistavamos, da beira da enxerga, era um pinheiral cobrindo um cabe?o e descendo pelo pendor suave, á maneira d'uma hoste em m
lle brusco desapparecimento de toda a Civilisa??o! Eu palpava a enxerga, dura e regelada como um granito de inverno. E pe
Como se perdem assim trinta
udiu amargame
, talvez, n'essa horrenda Medina. Indifferen?a das Companh
poial, alongando os olhos
a bel
m silencio grave, murmurou,
ndeza...
, velha e mal alisada, dominava o valle, d'onde já subia tenuemente a nevoa d'algum fundo ribeiro. Toda a esquina do casar?o d'esse
erado d'aquella agoa! decl
intal, hein? E passamos pela
amarello. E por outra porta baixa, de rigissimas hombreiras, mergulhamos n'uma sala, alastrada
orror! murmurava
s de ferro, despedindo uma fumarada que fugia pela grade aberta no muro, depois por entre a folhagem dos limoeiros. Na enorme lareira, onde se aqueciam e assavam as suas grossas pe?as de porco e boi os Jacinthos medievaes, agora desaproveitada pela frugalidade dos caseiros, negrejava um poeirento mont?o de cestas e ferramentas; e a claridade toda entrava por uma porta de castanho, escancarada sobre um quintalejo rustico
de camas, oh a
desculpa encolhida ?sobre
para o consolar. Por uma n
de l?, sem um lombosinho de vacca... Que eu já pensei, até lembrei á minha comadre, V. Inc.as podiam ir dormir a
bondoso,
uma noite!... Até gósto mais de dor
na bica; appeteceu a alface rechonchuda e crespa; e atirou pulos aos ramos altos d'uma copada cerejeira, toda carregada de cereja. Depois, costeando o velho lagar, a que um bando de pombas branqueava o telhado, deslisámos até ao carrei
za? na frontaria do seu lar. Mas sobretudo lhe agradava a longa alameda, assim direita e larga, como tra?ada para n'ella se desenrolar uma cavalgada de Senhores
le mergulhando a face no aroma dos cravos. Prec
ncia, que perpetua no nosso Céo catholico a memoria da Deusa incomparavel:-nem assistira jámais, com a alma attenta, ao magestoso adormecer da Natureza. E este ennegrecimento dos montes que se embu?am em sombra; os arvoredos emmudecendo, can?ados de susurrar; o rebrilho dos casaes mansamente apagado; o cobertor de nevoa, sob que se acama e agasal
andeias, sobre uma toalha de estopa, duas velas de sêbo em casti?aes de lata alumiavam grossos pratos de lou?a amarella, ladeados por colheres de estanho e por garfos de ferro. Os copos, d'um vidro espesso, conservavam a sombra roxa do vinho que n'elles passára em fartos annos de fartas vindimas. A malga de barro, ate
Incellencias lhe perdoassem porque faltára tempo para o caldinho apurar... Jacintho occupou a séde ancestral-e, durante momentos (de esgazeada anciedade para o caseiro excellente) esfregou energicamente, com a ponta da toalha, o garfo negro, a fusca colhér de esta
ela: o seu perfume enternecia: tres veze
convic??o immensa. é que estou com uma fome..
o sobrado-e pousou sobre a mesa uma travessa a trasbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacintho, em Paris, sempre abominára favas!... Tentou todavia uma garfada timida-e
tas favas, sim! Oh q
feita das mulheres palreiras que em baixo remexia
fava nem em Pari
orria, inteirame
tada, que até suas Incellencias se riam... Mas agora,
em louvores mais copiosos. Diante do louro frango assado no espeto e da salada que elle appetecera na horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos labios de Plat?o, terminou por bradar:-?é divino!? Mas nada o enthusiasmava como o vinho de Tormes, cahindo d'alto, d
a? Quem dignamente te cantará
r classico, espanejei logo tambem o meu Vi
s velhos Sabinos. Assim Romolo e Remo... Assim cresceu a v
Melchior arregalava para nós os olhos em
forneceu o tabaco. E, como ante nós se alongava uma noite de monte, voltamos para as janellas desvidra?a
na serra, sem predios disformes de seis andares, sem a fumara?a que tapa Deus, sem os cuidados que como peda?os de chumbo puxam a alma para o pó rasteiro-um Jacintho, um Zé Fernandes, livres, bem jantados, fumando nos poiaes d'uma janella, olham para os astros e os astros ol
a é esta, aqui, t?o viva,
, Zé Fernandes, além,
o s
os, somos a obra da mesma Vontade. E todos, Uranos ou Lorenas de Noronha e Sande, constituimos modos diversos d'um Sêr unico, e as nossas diversidades esparsas sommam na mesma compacta Unidade. Molleculas do mesmo Todo, governadas pela mesma Lei, rolando para o mesmo Fim... Do astro ao homem, do homem á fl?r do trevo, da fl?r do trevo ao mar sonoro-tudo é o mesmo Corpo, onde circula, como um sangue, o mesmo Deus. E nenhum fremito de vida, por menor, passa n'uma fibra d'esse
!... O so
n?o ser no Apollo do Vaticano, na Venus de Milo e talvez na Princeza, de Carman) singularmente feia e burlesca. Mas, horrendos ou de ineffavel belleza; collossaes e d'uma carne mais dura que o granito, ou leves como gazes e ondulando na luz, todos elles s?o sêres pensantes e teem consciencia da Vida-porque decerto cada Mundo possue o seu Descartes, ou já o nosso Descartes os percorreu a todos com o seu Methodo, a sua escura capa, a sua agude
amigo
Estou a cah
em Coimbra. Mas nada mais bello, e mais v?o, que uma cavaqueira, no
trona, sem um livro?... Nem só de arroz com fava vive o Homem! Mas demoro em Lisboa, para conversar com o Cesimbra, o meu Administrado
ade, os
lo... Que animal! Por o
ámos na sorte do Grillo. O estimado negro ou f?ra despejado nas lamas de Medina, com as vinte e sete malas, aos gritos-ou, regaladamente adormecido
a madrugada correu para Tormes. Quando ámanh? desceres á Esta??o, ás quatro horas, encontras o teu pr
a?os como quem se debat
guiu par
. Se ámanh? encontrares na Esta??o o Grillo, separa a minha mala negra, e o sacco de lona, e a chapelleira. O Grillo conhece. E pede ao Pimenta, ao gordalhufo, que me
iu furiosament
camisa de dous dias, que já me faz uma comich?o horren
tendi as m?os, n'um
a Vicencia, immediatamente te mando por um mo?o um sacco de roupa branca. As minhas camisas e as minhas ceroulas talvez te estejam largas. Mas um mendigo como tu n?o tem direito a el
te tambem uma esponja... E
excellente, feita
ssionado com a sua miseria esq
r, que estou esfalfado
eu Principe e eu, ainda ha pouco irmanados com os astros? Em duas saletas, que uma abertura em arco, lobrego arco de pedra, separava-duas enxergas sobre o soalho. Junto á cabeceira da mais larga, que
. E decerto lhe sentiu uma dureza intransigente, porque ficou pendi
um suspiro. é que n?o tenho camisa de dormir, nem c
adre, enorme, de estopa, áspera como uma estamenha de penitente, com folhos mais crespos e duros do que lavores de madeira. Para consolar o meu Principe lembrei que Plat?o quando compunha o
amente, alguma coisa que eu leia?
e, que era a dos annuncios... E quem n?o viu ent?o Jacintho, senhor de Tormes, aca?apado á borda da enxerga, rente da vela de sêbo que se derretia no alqueire, com os pés encafuados nos sócos, perdido dentrotoava o collete, n'um delicioso cansa?o,
ernan
iz
o sacco um abot
o ao penetrar no Somno, que é um primo da Morte, ?Deus seja louvadernan
ue
co pós dos dentes... E uma l
entes. Mas da sua alcova, depois de soprar
ernan
ei
l Bragan?a... Os len?oes ao menos
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