icon 0
icon TOP UP
rightIcon
icon Reading History
rightIcon
icon Log out
rightIcon
icon Get the APP
rightIcon

A Cidade e as Serras

Chapter 5 5

Word Count: 4102    |    Released on: 30/11/2017

amente vencer as resistencias finaes da Materia e da For?a por novas e mais poderosas accumulac?es de Mechanismos. E n'essas semanas de Abril, emquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitada casa,

quando eu atravessava em fralda e chinellas para o banho ou para outros retiros. Apenas se varava com pericia algum andaime obstruindo as portas-logo se esbarrava com uma pilha de taboas, uma ceira de farramentas ou

is seguro o nosso dominio sobre a Substancia. Durante os calores, que apertaram depois da Ascen??o, ensaiamos esperan?adamente, para refrescar as aguas mineraes, a Soda-Water e os Medocs ligeiros, tres geleiras, que se amontoaram na copa successivamente desprestigiadas. Com os morangos novos appareceu um instrumentosinho astuto, para lhes arrancar os pés, delicadamente. Depois recebemo

bliotheca, onde se estiravam sobre o tapete, se repimpavam nas cadeiras macias, se enthronisavam em cima das mesas robustas, e sobretudo trepavam contra as janellas, em sofregas pilhas, como se, suffocados pela sua propria multid?o, procurassem com ancia espa?o e ar! Na erudita nave, onde apenas alguns vidros mais altos restavam descobertos, sem tapume de livros, perennemente se adensava um pensativo crepusculo de outono emqu

depois na areia do jardim que o luar branqueava, depois na Avenida dos Campos-Elyseos, povoada e ruidosa como n'uma festa civica. E, oh portento! todas as casas aos lados eram construidas com livros. Nos ramos dos castanheiros ramalhavam folhas de livros. E os homens, as finas damas, vestidos de papel impresso, com titulos nos dorsos, mostravam em vez de rosto um livro aberto, a que a brisa lenta virava docemente as folhas. Ao fundo, na Pra?a da Concordia, avistei uma escarpada montanha de livros, a que tentei trepar, arquejante, ora enterrando a perna em flacidas camadas de versos, ora batendo contra a lombada, dura como calhau, de tomos de Exegese e Critica. A t?o vastas alturas subi, para além da terra, para além das nuvens, que me encontrei, maravilhado, entre os astros. Elles rolavam serenamente, enormes e mudos, recobertos por espessas crostas de

novo chegára da Terra. Era Jacintho, com o charuto em braza, um molho de cravos na lap

a minha mala e a minha roupa: e, acostado á bandeira do meu Principe, ainda occasionalmente comia do seu caldeir?o sumptuoso. Mas a minha alm

reatura passou-no seu magro rondar de gata negra, sobre um beiral de telhado, ao luar de Janeiro. Dous po?os fundos n?o luzem mais negra e taciturnamente do que luziam os seus olhos taciturnos e negros. N?o recordo (Deus louvado!) como rocei o seu vestido de sêda, lustroso e encebado nas pregas; nem como lhe rosnei uma súpplica por entre os dentes que rangiam; nem como subimos ambos, morosamente e mais silenciosos que c

agarrei os seus ded

mesinho

ia, quas

ua do Helder, quarto a

rmos o pato que me ergui, amarfanhando convulsamente o guardanapo, e a tremer lhe beijei a bocca, todo a tremer, n'um beijo profundo e terrivel, em que deixei a alma, entre saliva e g?sto de piment?o! Depois, n'uma tipoia aberta, sob um bafo molle de leste e de trovoada, subimos a Avenida dos Campos-Elyseos.

e Noronha e Sande, de Gui?es! Ora se me affigurava ser um peda?o de cêra que se derretia, com horrenda delicia, n'um forno rubro e rugidor: ora me parecia ser uma faminta fogueira onde flammejava, estalava e se consumia um mólho de galhos seccos. D'esses dias de sublime sordidez só conservo a impress?o d'uma alc?va forrada de cretones sujos, d'uma bata de l? c?r de lilaz com sotaches negros, de vagas garrafas de cerveja no marmore d'um lavatorio, e d'um corpo tisnado que rangia e tinha cabellos n

tremeu como se o ch?o de Paris tremesse! Aquella era a porta do Mundo que ante mim se fechára! Para além estavam as gentes, as cidades, a vida, Deus e Ella. E eu ficára sósinho, n'aquelle patamar do N?o-ser, fóra da porta que se fechára

me Co

re recolheu len

esta manh?, para outra

inho, ensopado pelo ardor d'aquella tarde de Julho, entre a poeira da Magdalena, pensei com desconf?rto:-?Santissimo Nome de Deus! Que immensa sêde me fez esta desgra?a!...? De manso acenei ao mo?o:-?Antes do Borgonha, uma garrafa de Champagne, com muito gêlo, e um grande copo!...? Creio que aquelle Champagne se engarrafára no Ceu onde corre perennemente a fresca fonte da Consola??o, e que na garrafa bemdita que me coube penetrára, antes d'arrolhada, um jorro largo d'essa fonte inneffavel. Jesus! que transcendente regalo, o d'aquelle nobre copo, embaciado, nevado, a espumar, a picar, n'um brilho d'ouro! E depois, garrafa de Borgonha! E depois, garrafa de Cognac! E depois Hortel?-Pimenta granita

meu collete, e arrombára as minhas costellas, e toda ella, com as saias sujas, mergulhára dentro do meu peito, e abocára o meu cora??o, e chupava a sorvos lentos, como na rua do Helder, o sangue do meu cora??o! Ent?o, certo da Morte, ganindo pela tia Vicencia, pendi do leito para mergulhar na minha sepultura, que, através da nevoa final, eu distinguia sobre o tapete-redondinha, vidrada, de porcelana e com aza. E, sobre a minha sepultura, que t?o irreverentemente se assimilhava

ira do pateo em noite de S. Jo?o, e da menininha muito gorda e cabelluda que viéra do ceu para a minha afilhada Joanninha. Depois, á janella, bem limpo de alma e de corpo, n'uma quinzena de sedinha branca, tomando chá de Na?pò, respirando os rosaes do jardim revividos pela chuva da madrugada, considerei, em divertido pasmo, que, durante sete

sentimental, eu entrevira sempre descahido por cima de sophás, ou vagueando através da Bibliotheca entre os seus trinta mil volumes, com arrastados bocejos de

a em sombra, e os pés abandonados, n'uma soberana tristeza, ao pedicuro que lhe polia as unhas. Decerto o meu olhar reallumiado e repurificado, a brancura das minhas flanellas reproduzindo a quieta?

esse ca

le todo o fulgor d

enterrado.? Jaz! Ou antes, rola! Com effeito dev

bocejou,

andes de Noro

e t?o afundado na sua molle densidade, que as glorias ou os tormentos d'um camarada n?o o commoviam, como muito remotas, intangiveis, separadas da sua sensibilidade por immensas camadas de algod?o. Pobre Principe da Gran-Ventura, tombado para o sophá de inercia, com os pés no rega?o do pedicuro! Em que lodoso fastio cahira, depoi

tunidade das coisas; por vezes uma immobilidade determinada, de protesto, no fundo d'um divan, d'onde se n?o desenterrava, como para um repouso que desejasse eterno; depois os bocejos, os ?cos boc

o, descal?ando as bota

mucho, t?o corcunda

declarou com uma

soffre d

doce camarada! Se eu n'esse ver?o capciosamente o arrastava a um Café-Concerto, ou ao festivo Pavilh?o d'Armenonville, o meu bom Jacintho, collado pesadamente á cadeira com um maravilhoso ramo de orchideas na casaca, as finas m?os abatidas sobre o cast?o da bengala, conservava toda a noite uma gravidade t?o estafada, que eu, compadecido, me erguia, o libertava, gozando a sua pressa em abalar, a sua fuga d'ave solta... Raramente (e ent?o com vehemente arranque como quem salta um fosso) descia a um dos seus Clubs, ao fundo dos Campos-Elyseos. N?o se occupara mais das suas Sociedades e Companhias, nem dos Telephones de Constantinopla, nem das Religi?es

de Civilisa??o, n?o lhe désse uma sensa??o dolorosa de abafamento, de atulhamento! Julho escaldava: e os brocados, as alcatifas, tantos moveis roli?os e f?fos, todos os seus metaes e todos os seus liv

te pó d

n?o vamos para Fontaineblea

o? O que! P'

s passos monotonamente o traziam ao seu centro, ao gabinete verde, á Bibliotheca d'ebano, onde accumulara Civilisa??o nas maximas propor??es para gozar nas maximas propor??es a delicia de viver. Espalhava em t?rno um olhar farto. Nenhuma curiosidade ou interesse lhe sollicitavam as m?os, enterradas nas algibeiras das pantalonas de sêda, n'uma inercia de derrota. Annulado, bocejava com descor?oada molleza

Claim Your Bonus at the APP

Open